Universidade Feminina de Kyoto reafirma compromisso com educação exclusiva para mulheres

Em meio ao declínio de instituições exclusivamente femininas no Japão, universidade divulga declaração pública em defesa de sua missão de empoderamento feminino.

Enquanto universidades femininas no Japão enfrentam pressões financeiras e queda de matrículas devido à baixa taxa de natalidade, a Kyoto Women’s University decidiu seguir na contramão da tendência nacional. No dia 1º de julho, a instituição divulgou em seu site a “Declaração da Universidade Feminina”, reafirmando publicamente seu compromisso com a educação exclusivamente para mulheres, mesmo após mais de 75 anos de história.

“Declaramos nosso compromisso em continuar sendo uma universidade feminina”, afirmou a reitora Hideko Takeyasu no comunicado oficial.

Takeyasu defende que a educação em um ambiente exclusivamente feminino promove relações de aprendizado mais igualitárias, longe de normas de gênero restritivas.

“Vamos continuar formando pessoas que desafiem normas sociais e promovam transformações”, declarou.

Contra a corrente nacional

A decisão ocorre num momento crítico: o número de universidades femininas de quatro anos no Japão caiu de 98 em 1998 para cerca de 70 atualmente. Diversas instituições optaram por se tornarem coeducacionais ou até fecharam suas portas, incapazes de manter níveis sustentáveis de matrícula.

A Kyoto Women’s University, por outro lado, vive uma fase positiva: em abril, registrou 106% de taxa de admissão, com 1.527 novas alunas.

Takeyasu afirma que a declaração pública visa destacar a importância das universidades femininas, tanto dentro da comunidade acadêmica quanto para a sociedade japonesa.

Ela também citou o fraco desempenho do Japão no Relatório Global de Desigualdade de Gênero, no qual o país ficou em 118º lugar entre 148 nações.

“Embora as leis promovam igualdade de gênero, preconceitos inconscientes ainda persistem”, disse. “A educação em universidades femininas é essencial para combater essas desigualdades profundamente enraizadas.”

Tradição e inovação

Fundada em 1949, com base em valores budistas, a universidade tem inovado ao longo do tempo. Foi a primeira universidade feminina do Japão a criar uma faculdade de Direito, em 2011, e em 2023 abriu uma faculdade de Ciência de Dados, demonstrando que tradição e modernidade podem coexistir.

Futuro incerto para outras instituições

Nem todas as universidades femininas têm o mesmo fôlego. Em junho, a Mukogawa Women’s University, na província de Hyogo, anunciou que adotará o sistema coeducacional a partir de abril de 2027.

Outras instituições, como a Kyoto Notre Dame University e a Keisen University, em Tóquio, decidiram encerrar o recrutamento de novas estudantes, sinalizando um possível fim de suas operações.

Enquanto muitas enfrentam a extinção ou precisam se reinventar, a Kyoto Women’s University aposta em reforçar sua identidade original como espaço exclusivo para o desenvolvimento acadêmico e pessoal de mulheres.

Com informações via Asahi