Preço do arroz no Japão sobe até 1,7 vez em um ano e impulsiona debate eleitoral sobre produção, subsídios e segurança alimentar no país.
Com o início oficial da campanha eleitoral para a Câmara Alta do Parlamento, o arroz, alimento básico na mesa dos japoneses, se tornou um dos temas centrais do debate político. A forte alta nos preços desde o verão de 2024 acendeu o alerta sobre segurança alimentar e sustentação da produção agrícola.

Apesar de previsões iniciais do governo de que os preços cairiam com a chegada da safra de 2024, a realidade foi diferente. A escassez em alguns supermercados provocou aumentos expressivos e, mesmo após medidas emergenciais, os preços continuaram elevados.
Em janeiro, o governo revisou a gestão de estoques de arroz e passou a vender o produto por meio de leilões públicos. Já em maio, com Shinjiro Koizumi nomeado ministro da Agricultura, a estratégia mudou: os estoques começaram a ser vendidos por contratos diretos, acelerando a chegada de arroz mais barato às prateleiras. O preço médio de 5 kg de arroz nos supermercados caiu de mais de 4.000 ienes (cerca de 28 dólares) para a faixa dos 3.000 ienes.
Produtores questionam preços e sustentabilidade

Mesmo com a leve queda, os preços atuais ainda são cerca de 1,7 vezes maiores que no ano anterior. Muitos consumidores ainda sentem o impacto, e instituições como os “refeitórios infantis”, que oferecem refeições baratas ou gratuitas, já enfrentam dificuldades para manter o fornecimento.
Produtores, por sua vez, estão confusos sobre qual seria o “preço justo” do arroz. Enquanto o governo defende contratos por cerca de 2.000 ienes para 5 kg de arroz estocado, agricultores argumentam que esse valor não cobre os custos e desestimula os jovens a permanecerem no campo. A preocupação aumenta diante do envelhecimento da população rural e da escassez de sucessores.
Segundo o presidente da União Central das Cooperativas Agrícolas do Japão (JA Zenchu), Toru Yamano, é necessário encontrar um equilíbrio que satisfaça tanto consumidores quanto produtores. Ele demonstrou apoio parcial à meta do primeiro-ministro Shigeru Ishiba de manter o arroz na faixa dos 3.000 ienes por 5 kg.
Governo e oposição em embate sobre o futuro da produção

No dia 1º de julho, o governo realizou a segunda reunião ministerial sobre o abastecimento estável de arroz. O primeiro-ministro Ishiba afirmou que será adotada uma nova política para garantir que produtores motivados possam aumentar a produção com segurança e estabilidade de renda a partir da safra de 2025.
Já a oposição, liderada por Yoshihiko Noda, do Partido Democrático Constitucional, iniciou sua campanha em Miyazaki defendendo um sistema de subsídios diretos aos agricultores. Segundo ele, se os produtores abandonarem a lavoura, a segurança alimentar do Japão estará seriamente ameaçada.
A eleição para a Câmara Alta promete trazer à tona os planos de cada partido para enfrentar a crise do arroz. O foco estará na gestão de preços, incentivo à produção agrícola, manutenção das terras cultiváveis e apoio aos pequenos produtores.
Com informações via Mainichi Shimbun