Governo do Japão cria escritório para revisar políticas sobre população estrangeira

Primeiro-ministro Shigeru Ishiba quer ajustar regras de imigração e integração diante do aumento de estrangeiros no país

O primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, anunciou nesta terça-feira (15) a criação de um novo escritório dentro da Secretaria do Gabinete para revisar e reformular a forma como o governo responde a questões ligadas ao aumento da população estrangeira no país.

A iniciativa surge em meio às eleições para a Câmara Alta do Parlamento, marcadas para este segunda-feira (21), em que o tema da imigração ganhou destaque. O partido ultraconservador Sanseito, que vem ganhando apoio nas pesquisas, defende regras mais duras e a redução do número de estrangeiros no país.

O novo escritório, composto por cerca de 80 funcionários, irá coordenar ações com órgãos como a Agência de Imigração, o Ministério da Fazenda e o Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar. Ele terá como função monitorar, compartilhar informações e propor soluções sobre temas como imigração irregular, inadimplência na previdência social e compra de terras por estrangeiros.

Durante a cerimônia de inauguração do escritório, Ishiba afirmou:

“Vemos a entrada de estrangeiros como parte essencial do crescimento econômico do Japão. Mas também é importante agir com firmeza quando as regras não são seguidas e adaptar o sistema à realidade atual.”

O secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, negou que a criação do órgão seja uma jogada eleitoral. Segundo ele, trata-se de uma necessidade diante das mudanças demográficas e sociais no país.

O Japão, historicamente restritivo com relação à imigração, vem abrindo suas portas de forma gradual nos últimos anos para lidar com a escassez de mão de obra causada pelo envelhecimento da população.

Apesar disso, o governo enfrenta o desafio de equilibrar medidas mais rigorosas com a necessidade de evitar acusações de discriminação. O Partido Democrático Constitucional do Japão, principal força de oposição, defende a criação de uma nova lei que garanta convivência pacífica e respeito aos direitos de japoneses e estrangeiros.

Nos últimos dias, cresceram também as preocupações com a desinformação nas redes sociais. O ministro da Saúde, Takamaro Fukuoka, precisou desmentir um boato de que estrangeiros deixaram de pagar cerca de 400 bilhões de ienes (US$ 2,7 bilhões) em contribuições para a previdência social.

“Esses números não condizem com os dados do governo”, afirmou o ministro, que prometeu investigar o caso.

Além disso, o Partido Liberal Democrático, liderado por Ishiba, defende o endurecimento de regras para a conversão de carteiras de motorista estrangeiras e maior controle sobre o impacto da compra de imóveis por estrangeiros no mercado japonês.

Com a questão ganhando força na campanha eleitoral, o governo caminha sobre uma linha tênue: precisa proteger os interesses nacionais sem comprometer os direitos dos estrangeiros que contribuem para a sociedade japonesa.