Queda histórica do LDP e Komeito reacende polarização política no Japão

Aliança governista vê apoio despencar para 30% em eleição, enquanto partidos emergentes avançam e oposição permanece estagnada.

A eleição de 20 de julho para a Câmara Alta no Japão trouxe um duro golpe à coalizão governista formada pelo Partido Liberal Democrático (LDP) e seu parceiro Komeito. Juntos, obtiveram apenas 30% dos votos na representação proporcional, uma queda expressiva em relação aos 46% conquistados em 2022, o pior desempenho desde a criação do sistema proporcional em 1983.

Embora o enfraquecimento da aliança no poder tenha ficado evidente, a principal legenda da oposição, o Partido Democrático Constitucional do Japão (CDP), manteve o mesmo número de cadeiras da eleição anterior. Isso sugere dificuldade em atrair votos de eleitores críticos ao governo.

A corrida proporcional terminou com empate de sete cadeiras entre CDP, Partido Democrático para o Povo (DPFP) e Sanseito, destacando um cenário político cada vez mais fragmentado.

Abreviações dos partidos: LDP = Partido Liberal Democrático; DPFP = Partido Democrático do Povo; CDP = Partido Democrático Constitucional do Japão; CPJ = Partido Conservador do Japão (Imagem via Mainichi)
Abreviações dos partidos: JCP = Partido Comunista Japonês; SDP = Partido Social-Democrata (Imagem via Mainichi)

O LDP obteve 12,8 milhões de votos, 5,45 milhões a menos que em 2022, e apenas 12 cadeiras, repetindo seu pior resultado histórico de 2010. Mesmo nomes tradicionais, como a ex-presidente da Câmara Alta, Akiko Santo, perderam seus assentos.

Já o Komeito caiu de sete para quatro cadeiras, com apenas 5,21 milhões de votos, abaixo da marca simbólica de 10% da representação proporcional pela primeira vez.

Entre os opositores, o DPFP consolidou seu crescimento pós-eleição de 2024, atingindo 7,62 milhões de votos, um salto de 4,46 milhões. A legenda teve sucesso total com candidatos de sindicatos ligados à confederação Rengo. O Sanseito também avançou, com 7,42 milhões de votos, quadruplicando seu desempenho.

Apesar de subir para 7,39 milhões de votos, o CDP viu sua participação proporcional diminuir, refletindo o aumento da participação geral. A decisão de não lançar candidatos próprios em várias regiões limitou seu desempenho.

Novas forças políticas ganharam destaque. O Reiwa Shinsengumi conquistou três cadeiras com 3,87 milhões de votos, um avanço significativo. O Partido Conservador do Japão estreou com 2,98 milhões de votos, garantindo duas cadeiras.

O grupo Team Mirai, liderado por Takahiro Anno, obteve uma vaga, enquanto o Caminho para o Renascimento, de Shinji Ishimaru, não foi eleito. Ambos atraíram atenção por suas campanhas no governo metropolitano de Tóquio em 2024.

Entre os partidos tradicionais, o Nippon Ishin perdeu força: caiu de oito para quatro cadeiras e sofreu uma queda de 3,4 milhões de votos. O Partido Comunista Japonês obteve 2,86 milhões, seu pior resultado, e conquistou duas cadeiras. O Partido Social-Democrata manteve sua única vaga.

O resultado consolida a fragmentação política e reforça o avanço de partidos emergentes, enquanto a antiga estabilidade da coalizão no poder parece cada vez mais abalada.

Com informações via Mainichi Shimbun