Nobel e sobreviventes de bombas atômicas pedem que jovens japoneses levem adiante a luta pela paz

Durante evento em Tóquio, Nobel da Paz e grupo de hibakusha apelam à nova geração para preservar memórias e lutar pelo desarmamento nuclear.

O Comitê Norueguês do Nobel e a Nihon Hidankyo – principal organização de sobreviventes das bombas atômicas do Japão – uniram vozes neste domingo (27), em Tóquio, para pedir às novas gerações que assumam o compromisso com a paz e o desarmamento nuclear.

O apelo foi feito durante um simpósio na Universidade Sophia, com cerca de 700 participantes, incluindo jovens, ativistas e especialistas. O evento marcou a primeira vez que o Comitê Nobel viajou ao país de um laureado para coorganizar uma conferência.

“O tabu nuclear está sob ameaça, e os hibakusha estão envelhecendo. Em pouco tempo, não teremos mais os testemunhos de quem viveu aquilo”, disse Jorgen Watne Frydnes, presidente do Comitê Nobel. “É essencial que os jovens ouçam essas histórias e mantenham viva a luta por um mundo sem armas nucleares.”

A Nihon Hidankyo recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2024, em reconhecimento à sua luta por um mundo livre de armamentos atômicos, com base no testemunho direto das vítimas.

Uma missão que precisa ser passada adiante
Terumi Tanaka, sobrevivente de Nagasaki e hoje com 93 anos, também discursou. Co-presidente da Nihon Hidankyo, ele pediu que a juventude japonesa se engaje de forma ativa:
“Espero que os jovens se interessem, escutem com sensibilidade os hibakusha e entendam que as armas nucleares não podem continuar existindo. Só assim conseguiremos pressionar o governo a agir com firmeza.”

Visitas a Hiroshima e Nagasaki
Durante sua visita ao Japão, Frydnes esteve em Hiroshima e Nagasaki, onde conheceu sobreviventes e ativistas locais. “Ouvir sobre esses lugares é diferente de vê-los com os próprios olhos”, afirmou. A visita foi considerada uma honra por Tanaka: “Estamos gratos pela presença dele. Isso mostra que o mundo ainda se importa.”

O peso da memória
As bombas atômicas lançadas pelos EUA em agosto de 1945 causaram a morte de cerca de 214 mil pessoas até o fim daquele ano. Muitos sobreviventes, os hibakusha, ainda enfrentam consequências físicas e emocionais graves, décadas após o ocorrido.

O evento também contou com falas de Michiko Kodama, da Nihon Hidankyo, e de Asle Toje, vice-presidente do Comitê Nobel, além de acadêmicos japoneses em um painel sobre os desafios do desarmamento.

Reflexão global e esperança
“Espero que o aniversário de 80 anos (das bombas) em 2025 seja um ponto de virada, onde líderes mundiais ouçam a voz de milhões que dizem: não queremos viver em uma prisão nuclear esperando a aniquilação coletiva”, declarou Frydnes.