Análise revela que centenas de hospitais-base para desastres e milhares de asilos e centros de assistência social estão em áreas de risco de alagamento por tsunami no caso de um grande terremoto na Fossa de Nankai.
Mais de 2.300 hospitais e clínicas e cerca de 7.300 instituições de assistência social estão em áreas com risco de alagamento em caso de um tsunami gerado por um megaterremoto na Fossa de Nankai, segundo uma nova análise feita com base nas projeções do governo japonês divulgadas em março deste ano.
Esses dados preocupam especialmente porque 12 dos hospitais localizados nas zonas de risco são designados como base para atendimento em desastres, ou seja, são essenciais para o socorro médico em grandes emergências. Caso sejam atingidos, suas operações podem ser severamente comprometidas.

O governo central revisou pela primeira vez em uma década as projeções de danos do possível megaterremoto na região da Fossa de Nankai, atualizando a altura esperada do tsunami, o tempo de chegada das ondas e as áreas que podem ser inundadas. A área total sob risco aumentou 30% em relação às estimativas anteriores, cobrindo até 1.151 km² de costa, do Fukushima até Okinawa.
Hospitais e lares de idosos vulneráveis
Ao cruzar os novos mapas de risco com dados da infraestrutura nacional, o jornal Asahi Shimbun identificou que 2.347 instituições médicas em Tóquio e em 20 prefeituras estão em locais que podem ser alagados em pelo menos um dos 11 cenários previstos.
As prefeituras mais afetadas são:
- Tokushima: 260 instituições médicas em risco (31,6% do total da província)
- Kochi: 252 instituições (38,2%)
- Wakayama: 242 instituições (21,8%)
Entre os lares de idosos e centros de apoio a pessoas com deficiência, a situação é ainda mais crítica. 7.270 instalações nessas categorias estão em áreas suscetíveis a inundações. Em Kochi, por exemplo, 33,4% das instituições de bem-estar estão sob risco direto.
Segundo o Gabinete do Japão, mesmo alagamentos com 30 centímetros de água já representam risco de morte. Além disso, a combinação de tremores, inundações e apagões pode agravar ainda mais a situação de pacientes internados.
Planos de continuidade ainda são falhos
Apesar da gravidade, apenas 60% dos hospitais-base e centros de emergência haviam elaborado planos de continuidade (Business Continuity Plan – BCP) até o ano fiscal de 2022.
O governo exige que instituições situadas em zonas com possibilidade de alagamento superior a 30 cm tenham planos de evacuação adequados. Até 2023, 81% dessas instituições haviam desenvolvido algum tipo de planejamento, mas a implementação prática e a infraestrutura ainda são desafios.
Hospital de Osaka como exemplo de vulnerabilidade
O Hospital Nanko, no bairro de Suminoe, em Osaka, é um exemplo concreto. Segundo os mapas de risco, ele pode sofrer inundações entre 50 cm e 3 metros caso ocorra o megaterremoto.
O prédio atual, construído em 1971, não atende às normas sísmicas atuais. Uma nova unidade de seis andares está em construção nas proximidades. Enquanto isso, o hospital conta com um plano de emergência que inclui evacuar pacientes para os andares superiores em caso de tsunami.

Segundo os funcionários, quatro pessoas levam cerca de 10 minutos para transportar um paciente por escadas. O plano é mover todos os pacientes internados do segundo andar e os atendimentos ambulatoriais do primeiro para o terceiro andar ou acima, conforme o nível da água.
O novo edifício, que terá leitos a partir do terceiro andar, promete mais segurança e eficiência em caso de desastre.
Alerta e prevenção
A nova projeção do governo serve como alerta para autoridades locais, profissionais de saúde e gestores sociais. A urgência na preparação estrutural e logística dos hospitais e centros de acolhimento é cada vez mais evidente diante do risco iminente de um megaterremoto na região sudoeste do Japão.
Com informações do Asahi Shimbun