Japão e EUA finalizam acordo tarifário: alíquota sobre automóveis cai para 15% e bolsas japonesas disparam

Revisão de ordem executiva dos EUA elimina tarifas acumuladas e alivia pressão sobre montadoras japonesas; Nikkei e Topix batem recordes.

Após semanas de negociações intensas, Japão e Estados Unidos finalizaram um acordo tarifário histórico, que reduz a alíquota sobre automóveis japoneses exportados para os EUA de 27,5% para 15%. A medida, anunciada oficialmente em 7 de agosto de 2025, representa um alívio significativo para a indústria automobilística japonesa, que vinha sofrendo perdas bilionárias desde a imposição das tarifas adicionais em abril.

Segundo o Ministro da Revitalização Econômica do Japão, Ryosei Akazawa, o governo americano concordou em revisar a ordem executiva assinada por Donald Trump e reembolsar retroativamente os valores pagos acima da taxa acordada. A nova alíquota de 15% também será aplicada a veículos e autopeças, embora ainda não haja uma data exata para a implementação total.

A notícia teve impacto imediato nos mercados financeiros japoneses. O índice Nikkei 225 subiu 1,8%, encerrando o dia em 41.820 pontos, enquanto o Topix, mais abrangente, ultrapassou a marca dos 3.000 pontos pela primeira vez, fechando em 3.024. Investidores reagiram positivamente à dissipação das incertezas comerciais, especialmente em relação ao setor de exportação.

Painél da Bolsa de Valores do Japão em um momento de alta (Imagem via NHK World)

Montadoras japonesas sentem o impacto

As seis principais montadoras japonesas reportaram perdas combinadas de 783 bilhões de ienes (US$ 5,31 bilhões) no trimestre de abril a junho, atribuídas às tarifas americanas. A Toyota foi a mais afetada, com queda de US$ 3,05 bilhões no lucro operacional, seguida por Honda (US$ 846 milhões), Mazda (US$ 473 milhões), Nissan (US$ 466 milhões), Subaru (US$ 377 milhões) e Mitsubishi Motors (US$ 97,8 milhões).

Apesar do acordo, analistas alertam que o setor ainda enfrenta desafios, como o risco de aumento nos preços dos veículos nos EUA e a necessidade de reduzir custos de produção para manter a competitividade. A Toyota, por exemplo, cortou sua previsão de lucro anual em 16%, citando o impacto das tarifas e a valorização do iene.

Acordo evita crise comercial

O acordo, firmado em 23 de julho, evitou a aplicação de tarifas de 25% sobre todos os produtos japoneses, que estavam programadas para entrar em vigor em 1º de agosto. Segundo o portal The Global Statistics, o Japão conseguiu negociar uma tarifa única de 15% para a maioria dos bens exportados, incluindo automóveis, eletrônicos e produtos agrícolas.

O primeiro ministro Shigeru Ishiba classificou o acordo como “um avanço diplomático significativo”, mas reconheceu que o desafio agora é garantir sua implementação efetiva. A ausência de um documento formal gerou críticas internas, e o governo japonês prometeu manter diálogo constante com Washington para assegurar que os termos sejam respeitados.

Com informações via The Global Statistics, NHK World – Link 1, Link 2