Especialistas alertam que temperaturas extremas se tornaram o “novo normal”; produtores enfrentam perdas e consumidores sentem impacto nos supermercados.
A recente onda de calor no Japão, com temperaturas que chegaram a 41,2°C em Hyogo, está sendo considerada o “novo normal” por especialistas como Tomoyoshi Hirota, professor de meteorologia agrícola da Universidade de Kyushu. Segundo ele, produtores precisam reformular práticas agrícolas e desenvolver espécies mais resistentes ao calor.
Impacto na produção de ovos:
Na granja Hotoku Nojo, em Omitama, Ibaraki, onde 200 mil galinhas produzem cerca de 170 mil ovos por dia, o calor interno chega a 30°C, bem acima do ideal de 20 a 25°C.
“As galinhas estão sofrendo e comendo menos,” disse Mitsuhiro Toyomura, presidente da empresa. “A produção caiu drasticamente e os ovos estão menores.”
O preço médio de um quilo de ovos tipo M em Tóquio chegou a ¥330, superando os valores do período conhecido como “choque do ovo” em 2023. Em supermercados, uma cartela com 10 ovos custa em média ¥299, alta de mais de 20% em relação ao ano anterior.

Além do calor, os preços continuam elevados devido à epidemia de gripe aviária no último inverno, que levou ao abate de 8,4 milhões de aves, cerca de 6% do estoque nacional.
Frutas e vegetais em risco:
Em Amakusa, Kumamoto, agricultores encontraram manchas marrons nas folhas de pepinos cultivados em estufas.
“O calor excessivo favorece pragas e impede colheitas em larga escala,” lamentou Ryuichi Masuda, da cooperativa JA Amakusa.
A safra de milho também foi prejudicada pela curta estação chuvosa, que desregulou o florescimento das plantas. A produção caiu pela metade em relação às previsões iniciais.
A região deve migrar para o cultivo de tomate cereja, já que Kumamoto representa 20% da produção nacional. Masuda relatou que um vizinho perdeu todas as mudas de tomate por causa do calor.
Em Yamanashi, o agricultor Keisuke Noda teme pela qualidade dos pêssegos Kawanakajima Hakuto, conhecidos como o “rei dos pêssegos”.
“O interior da fruta pode escurecer por excesso de açúcar e calor,” explicou. “A luz intensa também causa manchas na casca, o que afasta os consumidores.”
O preço médio do quilo de pêssegos chegou a ¥1.757, aumento de ¥200 em relação ao ano anterior. Tomates e pepinos também subiram mais de 10%, com menor volume de envio em julho devido ao clima instável.
Pesquisa confirma tendência:
Uma pesquisa feita pela plataforma Tabe Choku, que conecta produtores a consumidores, revelou que 96,7% dos agricultores notaram mudanças causadas pelo calor extremo.
- 58% relataram redução nas colheitas
- 29,6% observaram aumento de produtos fora do padrão industrial
- 25,7% identificaram defeitos nas frutas e vegetais
Com informações via Asahi Shimbun