Com mudanças ousadas no processo seletivo, universidade perto de Tóquio superou Kindai e recebeu mais de 160 mil inscrições em 2025
O Instituto de Tecnologia de Chiba (CIT), localizado na cidade de Narashino, próximo a Tóquio, se tornou nesta primavera a universidade mais procurada do Japão, superando a tradicional Kindai University após quatro anos consecutivos em segundo lugar.
Segundo a instituição privada, o CIT recebeu 162.005 inscrições para o ingresso de abril de 2025, graças a uma série de reformas ousadas no vestibular. A universidade, com mais de 80 anos de história, pretende matricular cerca de 13 mil novos alunos em cinco faculdades e 17 departamentos.
Durante os últimos 11 anos, a líder em número de inscritos havia sido a Universidade Kindai, localizada em Osaka.
O CIT iniciou suas mudanças em 2021, quando passou a isentar os candidatos da taxa de inscrição nos exames baseados no Teste Comum Nacional, administrado pelo Centro Nacional de Admissão Universitária. Além disso, passou a permitir que os alunos se inscrevam para vários cursos diferentes pagando apenas uma taxa, desde que as provas sejam no mesmo dia.
Outro diferencial importante é a possibilidade de se inscrever até as 11h do dia anterior ao exame — medida que dá ao estudante mais flexibilidade, permitindo decidir de última hora, com base em seu desempenho em outras provas.
Essas mudanças fizeram com que muitos candidatos se inscrevessem para múltiplos cursos dentro da mesma instituição. Em média, cada aluno aplicou para seis departamentos neste ano, segundo dados do próprio CIT. Ainda assim, a universidade considera a reforma um sucesso.
“Estamos dispostos a avaliar a aptidão dos alunos para todos os cursos em que tenham interesse”, disse um representante do CIT, destacando que o novo modelo aumenta as chances de aprovação e reduz os custos com vestibulares.
Focada em ciência, tecnologia e engenharia, a instituição vem promovendo um modelo de ensino de alto desempenho e centrado no aluno, liderado pelo presidente do conselho da universidade, que defende que “as universidades devem ser financiadas pelas mensalidades, e não por taxas de vestibular”.
As reformas também incluíram a criação de novos cursos voltados às necessidades atuais do mercado. Em abril, o CIT inaugurou o Departamento de Engenharia Espacial, Semicondutores e Mecatrônica, para formar profissionais capacitados em áreas tecnológicas de ponta.
“Quero entrar e construir foguetes”, disse Kazuya Nojima, estudante do ensino médio de 17 anos, durante uma palestra sobre o novo curso.
Outro ponto positivo foi a queda nos índices de repetência e evasão. Em 2012, mais de mil estudantes repetiram o ano e mais de 500 abandonaram os estudos. Em 2024, esses números caíram para menos da metade, reflexo de programas de apoio educacional liderados por professores.
Reiji Imai, aluno do terceiro ano de Ciência da Informação no CIT, elogiou o novo sistema: “Entrei no curso que eu queria sem pagar nada. O custo-benefício foi excelente”, disse ele, que se inscreveu para cinco departamentos diferentes.
De acordo com a universidade, o objetivo é continuar com as reformas para se manter relevante diante da queda no número de jovens no Japão. “Estamos nos adaptando para sobreviver à redução da população de 18 anos”, afirmou um porta-voz.