Construção de turbinas offshore em Akita e Chiba foi cancelada após gastos mais que dobrarem e inviabilizarem o plano de negócios.
A Mitsubishi Corporation anunciou nesta quarta-feira (27) que vai se retirar de projetos de energia eólica offshore no Japão. A decisão foi tomada após os custos de construção mais do que dobrarem em relação ao planejado, tornando o negócio inviável.
O projeto, liderado por um consórcio que inclui uma subsidiária da Chubu Electric Power, previa a instalação de 134 turbinas eólicas em três locais nas regiões costeiras de Akita e Chiba. As operações comerciais estavam previstas para começar entre 2028 e 2030, com funcionamento até 2052.
Durante uma coletiva de imprensa em Tóquio, o presidente da Mitsubishi, Katsuya Nakanishi, disse que “as grandes mudanças nas condições econômicas e no ambiente de negócios nos levaram a tomar essa decisão”. Ele lamentou o cancelamento e afirmou que irá pessoalmente às regiões afetadas para explicar a situação.
Entre os fatores que levaram ao aumento dos custos estão a pandemia de COVID-19, a guerra na Ucrânia, problemas na cadeia de suprimentos, inflação, variação cambial e aumento das taxas de juros. Em fevereiro, a Mitsubishi já havia registrado um prejuízo de 52,2 bilhões de ienes (cerca de 353 milhões de dólares) relacionado ao projeto.
O governo japonês havia selecionado o consórcio em 2021 por apresentar preços muito baixos, graças ao uso de tarifas de incentivo. Agora, a desistência representa um golpe nos planos do governo para promover fontes de energia limpa.
O ministro da Indústria, Yoji Muto, afirmou que a decisão “abalou a confiança da sociedade nos projetos de energia eólica offshore”. Já o prefeito de Choshi, Shinichi Koshikawa, uma das cidades que receberia o projeto, declarou que a população esperava desenvolvimento econômico e novos empregos, e classificou o cancelamento como “extremamente lamentável”.
Mesmo diante das críticas, Nakanishi disse que não pretende deixar o cargo e garantiu que o impacto financeiro da desistência será limitado. Ele reforçou que a empresa continua comprometida com a meta de descarbonização e reconhece a importância da energia eólica no futuro energético do país.
A retirada da Mitsubishi vem logo após a construtora Kajima Corporation, responsável por parte da obra, também anunciar sua saída do projeto.