Preço de apartamentos em Tóquio dispara e Chiyoda propõe restrição de revenda para conter especulação

Proporção de imóveis acima de ¥100 milhões aumentou 16 vezes em uma década; medida inédita tenta frear compras especulativas em projetos públicos.

O mercado imobiliário de Tóquio vive uma escalada de preços sem precedentes. Segundo levantamento da Lifull Co., a proporção de apartamentos usados com valor acima de ¥100 milhões (US$ 680 mil) aumentou 16 vezes nos últimos dez anos. Em Minato e Chiyoda, mais da metade dos imóveis à venda já ultrapassa esse valor.

Em 2015, apenas 1% dos anúncios estavam acima da marca. Em 2020, esse número subiu para 3%, e em 2025 já chega a 16%, ou seja, 1 em cada 7 apartamentos listados. Os bairros mais afetados são Minato (55%), Chiyoda (51%) e Chuo (45%), todos na região central da capital.

Foto aérea de Minato Ward, na zona central de Tóquio, onde os preços dos imóveis estão tão elevados quanto a altura de seus arranha-céus. (Imagem via Asahi Shimbun)

Chiyoda propõe restrição de revenda:

Diante da especulação crescente, o distrito de Chiyoda propôs uma medida inédita: proibir a revenda de apartamentos novos por cinco anos em projetos financiados com recursos públicos. A proposta foi enviada à Associação das Empresas Imobiliárias do Japão em julho e gerou forte reação do setor.

A justificativa da prefeitura é clara: moradores locais estão sendo excluídos do mercado por causa de compras especulativas que elevam os preços. A medida afetaria cinco projetos de reurbanização em andamento no distrito.

Embora a proposta não tenha força legal, ações de grandes incorporadoras despencaram após o anúncio, refletindo o temor de queda nas vendas.

“Até que ponto isso pode ser regulado por lei?”, questionou Junichi Yoshida, presidente da associação.

A Seibu Holdings Inc. vendeu o complexo Tokyo Garden Terrace Kioicho, no bairro de Chiyoda, em Tóquio, em fevereiro. (Imagem via Asahi Shimbun)

Debate jurídico e medidas já existentes:

O Artigo 579 do Código Civil japonês permite cláusulas especiais que anulam a venda se o comprador violar termos previamente acordados. Algumas empresas já adotam restrições de revenda, como a Sumitomo Realty, que exige aprovação para revenda em até cinco anos em empreendimentos como o Grand City Tower Ikebukuro e o City Towers Itabashi Ohyama.

A Mitsui Fudosan também aplica cláusulas semelhantes no Makuhari Bay-Park Rise Gate Tower, em Chiba.

No entanto, especialistas alertam para a dificuldade de fiscalização. Uma revenda pode ocorrer por motivos legítimos, como transferência de trabalho, e é difícil provar se houve especulação.

Essas cláusulas são o melhor que temos, mas não resolvem tudo,” afirmou Yasuhiko Nakajo, da Universidade Meikai.

Ele sugere que o governo intervenha com poder vinculativo em áreas específicas, mas alerta que isso pode encarecer imóveis usados nos arredores, criando um novo desequilíbrio.

Com informações via Asahi Shimbun – Link 1, Link 2