Terremoto deixa ao menos 800 mortos no leste do Afeganistão

Mais de 2.500 pessoas ficaram feridas; vilarejos foram destruídos e moradores ainda buscam sobreviventes nos escombros

Um terremoto de magnitude 6,0 atingiu o leste do Afeganistão na noite de domingo (31) e causou a morte de pelo menos 800 pessoas, além de deixar mais de 2.500 feridos, segundo informações do governo Talibã divulgadas nesta terça-feira (2).

O epicentro do tremor foi registrado a cerca de 27 km da cidade de Jalalabad, em Kunar, próxima da fronteira com o Paquistão. A profundidade foi de apenas 8 km, o que intensifica o impacto na superfície. Diversas réplicas foram registradas após o tremor principal.

Cenas de desespero tomaram conta das cidades atingidas. Moradores, muitos sem equipamentos, usavam as próprias mãos para escavar os escombros em busca de sobreviventes. Vilarejos inteiros, como o distrito de Nurgal, foram quase completamente destruídos.

“Crianças, idosos e jovens estão debaixo dos escombros. Precisamos de ajuda agora”, disse um morador de Nurgal à imprensa local.

Estruturas frágeis e dificuldades no resgate

As casas da região, muitas feitas de tijolos de barro e madeira, desabaram facilmente. O sobrevivente Sadiqullah, do vilarejo Maza Dara, relatou que perdeu a esposa e dois filhos, enquanto ele e o pai ficaram presos por horas sob os destroços até serem resgatados.

“O chão tremeu como se a montanha estivesse caindo”, contou Sadiqullah, internado no Hospital de Nangarhar.

Com estradas bloqueadas e comunicações afetadas, o acesso às áreas atingidas é difícil. Em muitas regiões, equipes de resgate precisam caminhar por quatro a cinco horas até alcançar os feridos. Helicópteros têm sido usados para transportar vítimas até os hospitais.

Alerta humanitário e resposta internacional

Autoridades afegãs e agências humanitárias alertam que o número de mortos pode aumentar nos próximos dias, já que vários corpos e feridos ainda estão sob os escombros.

A Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho informou que há necessidade urgente de assistência com alimentos, água potável, atendimento médico, equipamentos de resgate e abertura de estradas.

O Alto Comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi, disse que o terremoto agrava ainda mais a já frágil situação humanitária do país.

“Isso se soma a outros desafios como a seca e o retorno forçado de milhões de afegãos dos países vizinhos”, afirmou ele, pedindo apoio da comunidade internacional.

O Paquistão, que sentiu o tremor na capital Islamabad, ofereceu ajuda ao Afeganistão. O primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif, declarou solidariedade e colocou o país à disposição para prestar apoio emergencial.

Em outubro de 2023, outro terremoto de magnitude 6,3 matou cerca de 1.500 pessoas no Afeganistão, segundo a ONU. A tragédia deste domingo, no entanto, pode superar esse número em termos de impacto humanitário, alertou o Comitê Internacional de Resgate.