Sexta-Feira quente para o Japão, para os investimentos e tarifas dos EUA e para as bolsas asiáticas no mercado financeiro

Investidores estrangeiros vendem ações japonesas pela segunda semana consecutiva; pacote de US$ 550 bilhões entre Japão e EUA mira setores estratégicos até 2029; tarifas de Trump afetam farmacêuticas e bolsas asiáticas.

O mercado financeiro asiático viveu uma sexta-feira (26) de fortes quedas, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar novas tarifas de importação, incluindo 100% sobre medicamentos farmacêuticos a partir de 1º de outubro.

O impacto foi imediato:

  • O índice Nikkei 225 do Japão caiu 0,3%, fechando em 45.629,79 pontos
  • Ações da Sumitomo Pharma despencaram 5,2%, enquanto a Chugai Pharmaceutical perdeu 3,9%

Outros mercados asiáticos também recuaram:

  • Kospi (Coreia do Sul): -2,5%
  • Hang Seng (Hong Kong): -0,7%
  • Shanghai Composite (China): -0,1%
  • Sensex (Índia): -0,7%
  • Taiex (Taiwan): -1,5%
  • S&P/ASX 200 (Austrália): +0,2%
Traders observam monitores perto de uma tela que mostra o Índice Composto de Preços de Ações da Coreia (KOSPI) e a taxa de câmbio entre o dólar americano e o won sul-coreano, à direita, na sala de negociação de câmbio da sede do Hana Bank em Seul, Coreia do Sul, 25 de setembro de 2025. (Imagem via Association Press)

Saída de investidores estrangeiros do Japão

Dados do Ministério das Finanças do Japão mostram que investidores estrangeiros venderam ações japonesas pela segunda semana consecutiva, totalizando 1,75 trilhão de ienes (US$ 11,69 bilhões) até 20 de setembro. Na semana anterior, o volume foi ainda maior: 2,03 trilhões de ienes.

Desde 2015, setembro tem sido marcado por retiradas líquidas de capital estrangeiro, com destaque para 2023, quando houve saída de 5,48 trilhões de ienes. Em 2025, o montante já chega a 3,67 trilhões de ienes no mês.

Entre os motivos estão:

  • Rebalanceamento de portfólio no fim do trimestre
  • Aversão sazonal ao risco
  • Realização de lucros após altas

O índice Nikkei chegou a bater recorde histórico de 45.852,75 pontos na semana anterior, após o Banco do Japão manter os juros e anunciar plano de redução gradual de ativos, como ETFs e fundos imobiliários.

Pacote bilionário entre Japão e EUA:

Em meio à volatilidade, o Ministério das Finanças do Japão anunciou a criação de uma estrutura de investimento no banco estatal JBIC para apoiar um pacote de US$ 550 bilhões acordado com os Estados Unidos.

O memorando, assinado este mês, prevê investimentos até janeiro de 2029, coincidente com o fim do mandato presidencial de Trump, em setores como:

  • Chips
  • Metais
  • Farmacêuticos
  • Energia
  • Construção naval

O pacote inclui:

  • Participações acionárias
  • Empréstimos
  • Garantias de crédito via JBIC e NEXI

O governo japonês também revisou as regras do JBIC, ampliando sua atuação em países desenvolvidos, especialmente nas áreas automotiva e farmacêutica.

Bolsa de Valores de Tóquio no bairro de Chuo (Imagem via Asahi Shimbun)

Perspectivas e preocupações:

Dados divulgados nesta sexta mostram que a inflação na região de Tóquio subiu 2,5% em setembro, acima da meta do Banco do Japão, mas abaixo da expectativa de 2,8%, reacendendo especulações sobre possível alta de juros.

Nos Estados Unidos, os principais índices também recuaram:

  • S&P 500: -0,5%
  • Dow Jones: -0,4%
  • Nasdaq: -0,5%

A queda reflete preocupações de que o Federal Reserve possa reduzir o ritmo de cortes de juros, após dados mostrarem crescimento econômico acima do esperado.

O rendimento dos títulos do Tesouro de 10 anos subiu para 4,17%, e o dólar caiu levemente para 149,73 ienes.