Japonês e dois americanos são premiados por pesquisa que ajuda a tratar câncer e doenças autoimunes
Shimon Sakaguchi, cientista japonês de 74 anos, foi um dos ganhadores do Prêmio Nobel de Medicina de 2025, anunciado nesta segunda-feira (6) pelo Instituto Karolinska, na Suécia. Ele divide o prêmio com os cientistas norte-americanos Mary E. Brunkow e Fred Ramsdell.
O trio foi reconhecido por suas descobertas inovadoras sobre como o sistema imunológico é regulado para evitar ataques às próprias células do corpo. Essas descobertas abriram caminho para o desenvolvimento de tratamentos contra câncer e doenças autoimunes, como lúpus e esclerose múltipla.
Sakaguchi é professor na Universidade de Osaka, no Japão. Em 1995, ele descobriu um tipo especial de célula do sistema imunológico, chamada célula T reguladora (ou Treg), que impede o ataque do sistema imunológico às células saudáveis do corpo.
Mesmo enfrentando ceticismo no início de sua carreira, Sakaguchi seguiu firme com sua hipótese de que o corpo possui um “freio natural” para controlar reações exageradas do sistema imunológico. Estudos posteriores provaram que ele estava certo.
Em 2001, os cientistas americanos Brunkow e Ramsdell descobriram uma mutação genética que causa doenças autoimunes. Mais tarde, Sakaguchi confirmou que essa mutação afeta justamente as células T reguladoras que ele havia identificado.
Durante uma coletiva de imprensa na Universidade de Osaka, Sakaguchi disse estar honrado com o prêmio e espera que suas pesquisas continuem ajudando no desenvolvimento de tratamentos mais eficazes para doenças graves.
O Prêmio Nobel de Medicina é dividido igualmente entre os três cientistas e tem o valor de 11 milhões de coroas suecas (cerca de 1,2 milhão de dólares).
Este é o segundo ano seguido em que o Japão recebe um Prêmio Nobel. Em 2024, o Nobel da Paz foi concedido ao grupo Nihon Hidankyo, que representa os sobreviventes das bombas atômicas no Japão. Com isso, o país soma agora 30 laureados com o Nobel.
O primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, telefonou para Sakaguchi para parabenizá-lo. Ele destacou que a pesquisa do cientista é um orgulho nacional e “um grande avanço que o Japão pode mostrar ao mundo”.
Shimon Sakaguchi nasceu em Shiga e se formou em medicina pela Universidade de Kyoto em 1976. Em 2015, ele já havia sido reconhecido com o Prêmio Gairdner Internacional, considerado uma prévia do Nobel.