Empresa busca apoio local para reativar reator 6 da usina de Kashiwazaki-Kariwa; proposta inclui descomissionamento de reatores antigos e fundo de ¥100 bilhões.
A operadora da usina nuclear de Kashiwazaki-Kariwa, na província de Niigata, anunciou que irá considerar o desmantelamento dos reatores 1 e 2, os mais antigos do complexo, como parte de uma estratégia para obter apoio local à reativação do reator 6.
A Tokyo Electric Power Company (TEPCO) também anunciou a criação de um fundo de ¥100 bilhões (cerca de US$ 661 milhões), a ser distribuído ao longo de 10 anos, para apoiar o desenvolvimento regional.
Os recursos seriam destinados a:
- Projetos de preparação para desastres
- Iniciativas de descarbonização
- Infraestrutura de abrigos internos
O anúncio foi feito em 16 de outubro, durante sessão da Assembleia Provincial de Niigata, pelo presidente da Tepco, Kobayakawa Tomoaki.
Desde 2017, o prefeito de Kashiwazaki, Masahiro Sakurai, exige que a Tepco desative ao menos um dos reatores 1 a 5 como condição para aprovar a reativação dos reatores 6 e 7. A proposta de descomissionamento dos reatores 1 e 2, com 40 e 35 anos de operação, respectivamente, é a primeira vez que a empresa apresenta uma política concreta nesse sentido.
“Vamos considerar de forma concreta o desmantelamento dos reatores 1 e 2 para garantir a operação segura da usina”, afirmou Kobayakawa.
A usina Kashiwazaki-Kariwa é uma das maiores do mundo, com sete reatores e capacidade total de 8,21 gigawatts. Todos os reatores estão atualmente desativados. Os reatores 6 e 7 já passaram pelas inspeções de segurança exigidas pela Autoridade Reguladora Nuclear, mas ainda dependem da aprovação do governo provincial para serem religados.

A TEPCO pretende reativar primeiro o reator 6 e, após isso, dedicar 18 meses para decidir formalmente sobre o desmantelamento dos reatores antigos. O processo de descomissionamento pode levar 30 a 40 anos, segundo a empresa.
O governador de Niigata, Hanazumi Hideyo, afirmou que tomará sua decisão sobre a reabertura do reator no final de outubro ou mais adiante, após consultar a população.
A proposta de fundo financeiro foi vista por alguns como uma tentativa de “comprar o apoio local”.
Um membro da oposição na assembleia classificou a medida como “suborno disfarçado”, enquanto representantes do Partido Liberal Democrata disseram que a iniciativa pode pressionar o governador a tomar uma decisão.
A TEPCO ainda enfrenta forte desconfiança pública devido ao desastre de Fukushima em 2011, que gerou altos custos de compensação e descomissionamento. Reativar os reatores de Kashiwazaki-Kariwa é considerado crucial para a recuperação financeira da empresa, com estimativas de ¥100 bilhões em lucro anual por reator reativado, graças à redução de custos com geração térmica.
Com informações via Asahi Shimbun e NHK World