Ursos no Japão deixam vítimas com ferimentos graves e traumas duradouros, mirando seus rostos ao atacarem

Estudo revela que 90% dos feridos sofrem lesões no rosto; sobrevivente relata experiência extrema e alerta para riscos subestimados.

O confeiteiro japonês Keiji Minatoya, de 68 anos, sobreviveu a um ataque brutal de urso em outubro de 2023, nos arredores de sua casa na província de Akita. A experiência, que quase o deixou cego e com parte do crânio exposto, revela a gravidade dos ataques de ursos no Japão, muitas vezes subestimada pela mídia e pela sociedade.

Keiji Minatoya, sobrevivente do ataque de urso, em Kita-Akita, província de Akita, visto em outubro 2025 (Imagem via Asahi)

Minatoya foi atacado por um urso-negro-asiático ao abrir a porta de sua garagem. O animal o derrubou e mordeu sua cabeça e orelha, deixando:

  • 30 pontos na cabeça
  • Perda parcial da orelha direita
  • Lesão no canal lacrimal, causando lacrimejamento constante
  • Dor crônica e sensação de pele repuxada

“Achei que ia morrer. Quando o urso parou, corri para o ateliê e tranquei a porta”, contou Minatoya.

Keiji Minatoya, três dias após ser atacado por um urso em outubro de 2023. (Imagem fornecida por Keiji Minatoya via Asahi)

Ele foi resgatado por helicóptero e ficou oito dias hospitalizado. Sua esposa, abalada, pediu que ele fechasse a confeitaria centenária da família, que permanece fechada até hoje.

Estudo revela padrão de ataque

Segundo o professor Hajime Nakae, do Centro de Emergência da Universidade de Akita, os ursos tendem a atacar o rosto humano, comportamento semelhante ao que usam em conflitos entre si.

Dados do estudo:

  • 90% dos feridos têm lesões faciais
  • 70% têm ferimentos nos braços
  • 60% na cabeça

As lesões podem causar:

  • Cegueira
  • Sufocamento
  • Hemorragia fatal
  • Danos musculares e visão dupla

“As feridas combinam trauma contundente, como ser atropelado, e trauma cortante, como uma facada”, explicou Nakae.

Além dos danos físicos, o estudo mostra que:

  • 80% dos sobreviventes têm sequelas mentais
  • 40% sofrem de insônia
  • 30% apresentam delírios ou confusão mental

Como agir em caso de encontro

Nakae recomenda:

  • Deitar de bruços
  • Proteger pescoço e artérias com as mãos
  • Evitar contato visual e recuar lentamente

Se o urso perceber que não há resistência, tende a recuar após 2 a 3 minutos.

O especialista alerta para o aumento de ataques em áreas urbanas, devido à redução das zonas de satoyama, florestas entre vilas e montanhas.

Recomendações:

  • Evitar trilhas desnecessárias
  • Não colher vegetais silvestres sem preparo
  • Usar capacetes e luvas resistentes ao corte

“A sociedade precisa entender a gravidade dessas feridas e pensar em formas de reduzir os danos causados por ursos”, concluiu Nakae.

Com informações mesmo Asahi Shimbun