Estudo revela que 90% dos feridos sofrem lesões no rosto; sobrevivente relata experiência extrema e alerta para riscos subestimados.
O confeiteiro japonês Keiji Minatoya, de 68 anos, sobreviveu a um ataque brutal de urso em outubro de 2023, nos arredores de sua casa na província de Akita. A experiência, que quase o deixou cego e com parte do crânio exposto, revela a gravidade dos ataques de ursos no Japão, muitas vezes subestimada pela mídia e pela sociedade.

Minatoya foi atacado por um urso-negro-asiático ao abrir a porta de sua garagem. O animal o derrubou e mordeu sua cabeça e orelha, deixando:
- 30 pontos na cabeça
- Perda parcial da orelha direita
- Lesão no canal lacrimal, causando lacrimejamento constante
- Dor crônica e sensação de pele repuxada
“Achei que ia morrer. Quando o urso parou, corri para o ateliê e tranquei a porta”, contou Minatoya.

Ele foi resgatado por helicóptero e ficou oito dias hospitalizado. Sua esposa, abalada, pediu que ele fechasse a confeitaria centenária da família, que permanece fechada até hoje.
Estudo revela padrão de ataque
Segundo o professor Hajime Nakae, do Centro de Emergência da Universidade de Akita, os ursos tendem a atacar o rosto humano, comportamento semelhante ao que usam em conflitos entre si.
Dados do estudo:
- 90% dos feridos têm lesões faciais
- 70% têm ferimentos nos braços
- 60% na cabeça
As lesões podem causar:
- Cegueira
- Sufocamento
- Hemorragia fatal
- Danos musculares e visão dupla
“As feridas combinam trauma contundente, como ser atropelado, e trauma cortante, como uma facada”, explicou Nakae.
Além dos danos físicos, o estudo mostra que:
- 80% dos sobreviventes têm sequelas mentais
- 40% sofrem de insônia
- 30% apresentam delírios ou confusão mental
Como agir em caso de encontro
Nakae recomenda:
- Deitar de bruços
- Proteger pescoço e artérias com as mãos
- Evitar contato visual e recuar lentamente
Se o urso perceber que não há resistência, tende a recuar após 2 a 3 minutos.
O especialista alerta para o aumento de ataques em áreas urbanas, devido à redução das zonas de satoyama, florestas entre vilas e montanhas.

Recomendações:
- Evitar trilhas desnecessárias
- Não colher vegetais silvestres sem preparo
- Usar capacetes e luvas resistentes ao corte
“A sociedade precisa entender a gravidade dessas feridas e pensar em formas de reduzir os danos causados por ursos”, concluiu Nakae.
Com informações mesmo Asahi Shimbun