Japão propõe reconhecer chefs, calígrafos e mestres do saquê como Tesouros Nacionais Vivos

Mudança histórica no sistema de bens culturais intangíveis pode incluir práticas do cotidiano como culinária, ikebana e artes tradicionais.

O governo japonês está prestes a realizar uma mudança histórica no sistema de Bens Culturais Intangíveis Importantes, ao propor a inclusão da “cultura do cotidiano”, com foco em práticas culinárias e artísticas tradicionais.

A proposta, apresentada por um painel de especialistas ao ministro da Cultura em 24 de outubro, abre caminho para que:

  • Chefs
  • Calígrafos
  • Artistas de ikebana
  • Mestres cervejeiros de saquê

sejam reconhecidos como Tesouros Nacionais Vivos, título concedido a indivíduos que dominam e preservam tradições culturais japonesas.

Desde sua criação em 1954, o sistema reconhece apenas:

  • Artes performáticas tradicionais, como Noh e Kabuki
  • Técnicas artesanais, como tingimento yuzen e laca makie

Se aprovada, a cultura do cotidiano se tornará a terceira categoria oficial do sistema.

Um curso de culinária de Kyoto com tema de outono (Imagem via Asahi)

Preservação diante do envelhecimento

A iniciativa surge em meio a preocupações com a continuidade de práticas culturais tradicionais, especialmente diante do envelhecimento populacional e da falta de sucessores.

Em 2021, a Agência de Assuntos Culturais criou a categoria Bens Culturais Intangíveis Registrados, que já contempla:

  • Caligrafia
  • Ikebana
  • Culinária de Kyoto
  • Produção tradicional de saquê

Embora essa categoria ofereça apoio básico, autoridades afirmam que é necessário fortalecer o reconhecimento nacional, justificando a nova proposta.

Apoio financeiro e expansão

Atualmente, 116 pessoas são reconhecidas como Tesouros Nacionais Vivos. Cada uma recebe um subsídio anual de ¥2 milhões (cerca de US$ 13 mil) para formar sucessores.

A agência solicitou financiamento para 10 novas vagas no orçamento do próximo ano fiscal, embora o número exato de futuras designações na nova categoria ainda não esteja definido.

A proposta representa um avanço na valorização da cultura japonesa do dia a dia, reconhecendo que arte e tradição também vivem na rotina.

Com informações via Agência de Assustos Culturais do Japão e Asahi Shimbun