Mulheres no Japão precisam reduzir metade do álcool que homens para evitar cirrose rápida

Estudo alerta que 20g de álcool puro por dia já elevam risco para mulheres; 9,5% bebem em excesso, com tendência crescente desde 2010.

Embora campanhas recentes no Japão tenham intensificado a conscientização sobre os perigos do consumo excessivo de álcool, um aspecto ainda pouco conhecido é a maior suscetibilidade das mulheres aos seus efeitos nocivos. Elas podem desenvolver condições graves, como cirrose hepática, em ritmo acelerado mesmo bebendo na mesma quantidade que homens. Essa disparidade biológica torna essencial uma abordagem diferenciada, especialmente durante a Semana de Conscientização sobre Problemas Relacionados ao Álcool, que se estende até 16 de novembro de 2025.

A pesquisadora sênior Yoko Muramatsu, do NLI Research Institute, compilou um relatório detalhado com base na Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição de 2023, realizada pelo Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar. O documento estabelece que o consumo diário de álcool puro considerado de alto risco é de 40 gramas ou mais para homens e apenas 20 gramas ou mais para mulheres – exatamente metade. Para calcular o teor alcoólico puro, multiplica-se o volume da bebida em mililitros pela concentração alcoólica percentual e, em seguida, por 0,8. Assim, uma lata de 350 ml de cerveja com 5% de álcool contém 14 gramas de álcool puro, o que significa que cerca de 2,8 latas representam risco elevado para homens, enquanto 1,4 lata já é suficiente para mulheres.

Algumas empresas de bebidas alcoólicas no Japão começaram a incluir nos rótulos a quantidade exata de álcool puro, facilitando a autopercepção dos consumidores.

Perfil do Consumo Excessivo no Japão

Os dados da pesquisa revelam que 14,1% dos homens e 9,5% das mulheres consomem álcool em níveis de alto risco. Desde 2010, o percentual entre homens permaneceu praticamente estável, mas entre mulheres observa-se uma tendência de aumento preocupante. Por faixa etária, o consumo excessivo é mais prevalente entre homens na casa dos 40 anos, atingindo 23,6%. Já entre mulheres, os índices mais altos aparecem nas faixas dos 40 anos (13,5%) e 50 anos (14,6%).

Nesta foto de arquivo, vemos cervejas em um “izakaya”, um bar japonês. (Imagem via Mianichi)

Muramatsu explica que, historicamente, o menor número de mulheres bebendo levou a uma subestimação do problema. “A conscientização sobre o consumo adequado para o público feminino só começou a ser promovida recentemente, e muitas ainda não percebem que estão excedendo limites seguros”, afirma.

Razões Biológicas e Sociais para o Risco Elevado

O Ministério da Saúde japonês destaca que as mulheres possuem menor percentual de água corporal, o que resulta em maior concentração de álcool no sangue para a mesma quantidade ingerida. Além disso, elas metabolizam menos álcool devido a diferenças enzimáticas (menor atividade da ADH) e os hormônios femininos amplificam os efeitos tóxicos. Há registros de mulheres desenvolvendo cirrose hepática em curto período mesmo com ingestão moderada, justificando o limite diário de segurança ser metade do masculino.

Com a crescente inserção feminina no mercado de trabalho, aumentam as ocasiões sociais de consumo, happy hours, reuniões corporativas e eventos de networking. Muitas acabam acompanhando o ritmo dos colegas homens, sem saber dos riscos diferenciados. Muramatsu observa ainda um padrão comportamental pós-aposentadoria: enquanto homens tendem a corrigir hábitos prejudiciais como privação de sono, as mulheres frequentemente mantêm o mesmo estilo de vida, incluindo o consumo alcoólico. “É fundamental elevar a conscientização feminina para evitar níveis que comprometam seriamente a saúde”, enfatiza.

Com informações via Mainichi Shimbun