Encontro entre Kanai Masaaki e Liu Jinsong em 18/11; cancelamento de 30 tours chineses e alerta para estudantes japoneses na China.
Reunião Diplomática em Pequim para Desescalar Crise
Nesta terça-feira (18), o diretor-geral do Departamento para Assuntos da Ásia e da Oceania do Ministério das Relações Exteriores do Japão, Kanai Masaaki, chegou a Pequim para uma reunião com seu homólogo chinês, Liu Jinsong, diretor-geral do Departamento para Assuntos da Ásia do Ministério das Relações Exteriores da China. O encontro, conforme fontes diplomáticas e reportagens dos noticiários asiáticos, visa aliviar as tensões bilaterais agravadas por declarações da primeira-ministra Sanae Takaichi sobre Taiwan.

Kanai deve enfatizar que os comentários de Takaichi em 7 de novembro, de que um ataque chinês à ilha poderia ser uma “ameaça à sobrevivência do Japão”, justificando resposta militar, refletem a posição convencional do governo, sem alterações na política oficial. Ele também defenderá que diferenças políticas não devem afetar interações humanas, como viagens e estudos, e condenará o post provocativo do cônsul-geral chinês em Osaka, Xue Jian (“a cabeça suja que se destaca deve ser cortada”), exigindo medidas da China.
A porta-voz chinesa Mao Ning reiterou a exigência de retratação, acusando Takaichi de violar o “núcleo dos interesses centrais” de Pequim. O People’s Daily, jornal do Partido Comunista, comparou a declaração a ambições imperialistas japonesas do século XX.
Impactos Econômicos e de Viagens: Cancelamentos em Massa
A crise já causa danos concretos. O governo chinês emitiu em 14 de novembro um alerta recomendando que cidadãos evitem viagens e estudos no Japão, citando “aumento de crimes contra chineses” e “comentários extremistas”, sem exemplos concretos. Três grandes companhias aéreas chinesas (Air China, China Eastern, China Southern) liberaram reembolsos e remarcações gratuitas, resultando em cerca de 500 mil cancelamentos de voos desde 15/11.
- Turismo: Grupos como a RCC Inc. (agência de Tóquio) cancelaram 30 tours programados para final de novembro/início de dezembro, afetando 2-3 mil visitantes mensais – recuperação pós-pandemia interrompida. Uma chinesa em Tsukiji (Tóquio) lamentou: “Reservei há três meses; agora é tarde para cancelar.”
- Educação: Nove grupos de visitas à Universidade de Tóquio (janeiro/fevereiro) foram cancelados. Uma universidade no oeste do Japão reportou desistências em programas de 1-2 semanas em dezembro.
- Negócios: A Japan Seien Trading perdeu 10 acordos em um dia, com empresas chinesas citando “perigo no Japão”.
O Consulado Chinês em Osaka cancelou um evento de amizade Japão-China em Hiroshima, agendado para 21/11, por “motivos de segurança”, o cônsul Xue Jian era esperado para discursar.

No G20 na África do Sul (22-23/11), o premiê chinês Li Qiang não se reunirá com Takaichi, confirmou Mao Ning.
| Impacto | Detalhes | Fonte |
|---|---|---|
| Voos Cancelados | ~500 mil desde 15/11 | Aeroportos |
| Tours Turísticos | 30 grupos cancelados (nov-dez) | RCC Inc. |
| Eventos Diplomáticos | Amizade JP-CN em Hiroshima cancelado | Consulado Osaka |
Alertas de Segurança e Medidas Japonesas
O Japão respondeu com alertas próprios: a Embaixada em Pequim pediu aos 3.391 filhos e alunos em escolas japonesas na China (mais 3.133 universitários em 2023 e 7.078 em instituições chinesas em 2022) para “ficarem atentos e evitarem aglomerações japonesas”. O ministro da Educação Yohei Matsumoto emitiu notificação em 18/11, citando incidentes passados de violência contra escolas japonesas.
O secretário-chefe do Gabinete Minoru Kihara afirmou: “Estamos abertos a diálogos em vários níveis no G20”, mas alertou para “medidas suficientes de segurança” baseadas em reportagens locais. Partidos governistas pedem que Xue Jian seja declarado persona non grata e expulso, o que poderia escalar para retaliações chinesas.
A China estendeu exercícios militares no Mar Amarelo até 25/11, com fogo real diário das 8h às 18h (hora local), e o presidente taiwanês Lai Ching-te pediu moderação a Pequim, chamando-o de “incômodo regional”.
Impacto para a Comunidade Nipo-Brasileira
A crise ameaça dekasseguis nipo-brasileiros no Japão (especialmente em Osaka e Tóquio), com possível boicote chinês afetando empregos em turismo e comércio. No Brasil, importadores nikkei de eletrônicos e autopeças chineses enfrentam atrasos; A diplomacia de Takaichi testa laços bilaterais, mas reforça alianças com Taiwan e EUA, beneficiando diásporas em fóruns multilaterais.
Com informações via NHK World, Asahi Shimbun – Link 1, Link 2
