Músico jamaicano, autor de clássicos como “Many Rivers to Cross”, morreu após convulsão seguida de pneumonia; família agradece apoio dos fãs
Jimmy Cliff, um dos maiores nomes da história do reggae e protagonista do filme The Harder They Come, morreu aos 81 anos. A informação foi confirmada nesta segunda-feira por sua esposa, Latifa Chambers, que afirmou que o artista sofreu uma convulsão seguida de pneumonia. Seus três filhos também divulgaram uma mensagem nas redes sociais agradecendo o apoio dos fãs ao longo de sua carreira.
Nascido na Jamaica, Cliff foi um dos pioneiros do reggae, conhecido por sucessos como “Many Rivers to Cross”, “You Can Get it If You Really Want” e “Vietnam”. Seu talento vocal, suas letras marcantes e sua presença carismática o colocaram como um dos grandes nomes da música jamaicana ao lado de Bob Marley, Toots Hibbert e Peter Tosh. Ele começou ainda adolescente na cena musical de Kingston, no fim dos anos 1950 e início dos anos 1960, período em que o reggae — então chamado de ska e rocksteady — ganhava forma.
A carreira de Cliff teve um grande salto nos anos 1970, quando ele aceitou protagonizar The Harder They Come, filme de Perry Henzell sobre um músico que se torna anti-herói após ver sua carreira estagnar. O longa, considerado marco do cinema jamaicano, demorou dois anos para ser concluído por falta de recursos, mas virou referência cultural mundial. Seu impacto foi ampliado pela trilha sonora, que impulsionou o reggae internacionalmente e colocou Cliff no centro das atenções globais.
O artista também viveu grande sucesso musical nesse período. Em The Harder They Come, Cliff aparece em quatro das 11 músicas, incluindo “Sitting in Limbo”, “You Can Get it If You Really Want” e o hino que dá nome ao filme. “Many Rivers to Cross”, escrita após enfrentar racismo na Inglaterra, tornou-se uma das gravações mais conhecidas de sua carreira.
Apesar de seu auge nos anos 1970, Cliff continuou ativo por décadas. Trabalhou com nomes como Rolling Stones, Wyclef Jean, Sting e Annie Lennox, além de ter suas músicas regravadas por artistas como John Lennon, UB40, Cher e Bruce Springsteen — que ajudou a popularizar “Trapped” nos Estados Unidos. Ele recebeu sete indicações ao Grammy e venceu duas vezes na categoria de melhor álbum de reggae, pelos discos Cliff Hanger (1986) e Rebirth (2012).
Entre outras homenagens, Cliff foi incluído no Rock and Roll Hall of Fame e recebeu a Ordem do Mérito da Jamaica. Em 2019, o governo jamaicano batizou uma avenida turística de Montego Bay como Jimmy Cliff Boulevard, e em 2021 o artista recebeu um passaporte especial como Embaixador do Reggae.
Nascido James Chambers no distrito de Saint James, Cliff deixou sua cidade natal ainda jovem para tentar a carreira na capital Kingston. Ali, conquistou seus primeiros sucessos com canções como “King of Kings” e “Miss Jamaica” e representou o país na Feira Mundial de Nova York em 1964. Seus comentários sobre o reggae permaneciam firmes até recentemente. Em 2022, disse à revista Spin: “O reggae é uma música pura. Nasceu do povo mais pobre, da necessidade de reconhecimento, identidade e respeito”.
Com o sucesso acumulado nos anos 1960 e 1970, Cliff chegou a rivalizar Bob Marley em projeção internacional. Sua fama também alcançou o cinema, onde se surpreendeu com a repercussão de The Harder They Come: “Quando você vê sua face e nome nos ônibus em Londres, pensa: ‘Uau, o que está acontecendo?’”, contou ao The Guardian em 2021.
Jimmy Cliff deixa uma obra que atravessou gerações e influenciou músicos ao redor do mundo. A família agradeceu o carinho dos fãs e destacou que o apoio deles sempre foi uma das forças que impulsionou o artista.
