Governo japonês é criticado por reduzir silenciosamente a contribuição prometida em 2022 ao Fundo Global (AIDS, Tuberculose e Malária), refletindo o crescente ceticismo público em relação à Ajuda Oficial ao Desenvolvimento (ODA).
O governo japonês está sob intensa crítica internacional e doméstica após cortar drasticamente o financiamento prometido a uma organização central no combate global a doenças infecciosas: o Fundo Global de Luta contra a AIDS, Tuberculose e Malária.
Em 2022, o Japão havia se comprometido a doar até US$ 1,08 bilhão (155,8 bilhões de ienes) ao longo de três anos para o Fundo Global, uma parceria internacional público-privada.
No entanto, o Ministério das Relações Exteriores postou silenciosamente em seu site em 25 de novembro o novo valor de contribuição, sem comunicado de imprensa, indicando que o Japão contribuiria com “até 81 bilhões de ienes ao longo dos próximos três anos”.
- Redução Drástica: Convertido para dólares americanos, o valor representa cerca de US$ 520 milhões, aproximadamente metade do prometido em 2022.
O Declínio da ODA e a Crítica Interna
A drástica redução na contribuição faz parte da Ajuda Oficial ao Desenvolvimento (ODA) do Japão e reflete uma postura cada vez mais passiva do governo em relação ao apoio a países em desenvolvimento, impulsionada por uma mudança na opinião pública.
A Voz da Crítica
O Japan Center for International Exchange (JCIE), que opera o comitê japonês do Fundo Global, criticou publicamente o corte em 28 de novembro:
“Anunciar de repente um montante de contribuição cuja taxa de redução foi significativamente maior do que a de outros países mina a credibilidade de longa data do Japão na cooperação internacional.”
A JCIE enfatizou que o Japão tem um papel crucial como doador principal: “É essencial que o Japão mantenha seu papel como principal doador e assuma sua parte justa, a fim de liderar as discussões sobre saúde global neste momento crucial.”
Comparação de Cortes (EUA em Dólares)
| País | Corte em Relação ao Compromisso Anterior |
| Japão | 52,2% |
| Estados Unidos | 5,2% |
| Reino Unido | 5,4% |
| Alemanha | 10,6% |
A taxa de redução do Japão é notavelmente mais alta em comparação com outros grandes doadores.
Motivação e Contexto Histórico
O Fundo Global foi estabelecido em 2002, após a Cúpula do G8 em Kyushu-Okinawa em 2000, onde o Japão, como presidente, fez do controle de doenças infecciosas um item central da agenda global. O Japão tem sido historicamente um dos principais doadores do Fundo, que financia a prevenção e o tratamento de AIDS, tuberculose e malária em países em desenvolvimento.
Fontes próximas ao Ministério das Relações Exteriores apontam o principal motivo da mudança:
“Não podemos ignorar a perspectiva cada vez mais crítica do público japonês que se opõe à ajuda externa, incluindo a ODA.”
De fato, uma pesquisa de opinião pública sobre diplomacia do Gabinete, divulgada em 28 de novembro, corrobora essa mudança de humor:
- Apenas 22,6% dos entrevistados disseram que o governo “deve promover ativamente” a ajuda a países em desenvolvimento (o menor índice em 10 anos).
- A porcentagem combinada daqueles que responderam que a ajuda “deve ser minimizada” ou “deve ser interrompida” atingiu o mesmo patamar de 22,6% (o maior índice no mesmo período).
O corte representa um retrocesso na agenda internacional de saúde global que o próprio Japão ajudou a estabelecer, priorizando a cautela fiscal e a opinião pública interna em detrimento de compromissos globais.
Com informações via Asahi Shimbun
