Cultura coreana alcança novo auge global em 2025 com cinema, música e tradição

Filme animado da Netflix supera “Round 6”, K-pop brilha no Grammy e artes tradicionais atraem milhões à Coreia do Sul

Em 2025, a cultura coreana consolidou ainda mais sua presença global, indo além do K-pop e dos dramas de TV para alcançar o cinema, os musicais e as artes tradicionais.

O grande fenômeno do ano foi o filme animado da Netflix “KPop Demon Hunters”, que misturou a energia do K-pop com elementos do xamanismo coreano. A história destaca a importância de aceitar a própria identidade por completo. O longa se tornou o título mais assistido da história da Netflix, superando o sucesso mundial de “Round 6”.

Dirigido pela cineasta canadense-coreana Maggie Kang, o filme acompanha o grupo fictício Huntr/x, formado por garotas que combatem espíritos malignos usando o poder da música. O impacto foi além das telas. O Museu Nacional da Coreia recebeu mais de 6 milhões de visitantes em 2025, o maior número desde sua inauguração, há 80 anos. As vendas da linha oficial de produtos do museu, chamado “Mu:ds”, também cresceram impulsionadas pela popularidade do filme.

O turismo internacional na Coreia do Sul atingiu níveis recordes. Entre janeiro e outubro, o país recebeu 15,82 milhões de visitantes estrangeiros, segundo a Organização de Turismo da Coreia. O número representa um aumento de 15,2% em relação ao ano anterior e supera em 8,4% o total de 2019, antes da pandemia.

A trilha sonora de “KPop Demon Hunters” também se destacou. A música “Golden”, interpretada por Ejae, Audrey Nuna e Rei Ami, liderou a parada Billboard Hot 100 por oito semanas não consecutivas e ficou dez semanas no topo do ranking britânico. A canção uniu pop ocidental, melodias coreanas e trechos em coreano, marcando um novo patamar para músicas ligadas ao K-pop.

O sucesso reforçou a força global do gênero. Produtores conhecidos, como Teddy e 24, do The Black Label, participaram do projeto. Ejae, além de cantar, coescreveu a música e já havia treinado na tradicional agência SM Entertainment.

O K-pop também avançou em premiações internacionais. Artistas do gênero receberam, pela primeira vez, indicações nas principais categorias do Grammy. Rosé, do BLACKPINK, conquistou três indicações com sua música solo “APT.”, incluindo Canção do Ano e Gravação do Ano. A faixa, feita em parceria com Bruno Mars, permaneceu 45 semanas na Billboard Hot 100, um recorde para o K-pop, alcançando o terceiro lugar.

A trilha sonora de “KPop Demon Hunters” recebeu cinco indicações ao Grammy, incluindo Canção do Ano para “Golden”. Já o grupo feminino Katseye, da Hybe, concorreu a Artista Revelação, tornando-se o primeiro grupo treinado pelo sistema K-pop a ser indicado a uma grande categoria da premiação.

A cultura coreana também brilhou na Broadway. O musical “Maybe Happy Ending” venceu o prêmio de Melhor Musical no Tony Awards, tornando-se a primeira produção original coreana a conquistar o principal troféu. A obra, ambientada em uma Seul futurista, conta a história de dois robôs assistentes que desenvolvem uma conexão inesperada.

O interesse pela cultura tradicional cresceu dentro do próprio país. O Museu Nacional de Gyeongju estendeu até fevereiro uma exposição especial com seis coroas de ouro do antigo Reino de Silla, após forte procura do público. As peças, reunidas pela primeira vez em mais de um século, atraíram visitantes que formaram filas antes do amanhecer.

Diante da expansão da influência cultural coreana, o governo sul-coreano criou em outubro o Comitê Presidencial para o Intercâmbio da Cultura Popular. Park Jin-young, fundador da JYP Entertainment, foi nomeado co-presidente do órgão, reforçando a estratégia de usar a cultura como motor econômico e ponte de intercâmbio internacional.