Assembleia aprova declaração contra armas nucleares após fala de autoridade sobre defesa do país
A Assembleia de Hiroshima aprovou por unanimidade, nesta segunda-feira, uma declaração que pede ao governo do Japão que mantenha os princípios antinucleares do país e continue trabalhando por um mundo livre de armas nucleares.
A decisão foi tomada após um funcionário ligado ao Gabinete do Primeiro-Ministro afirmar recentemente, em conversa informal com jornalistas, que o Japão deveria possuir armas nucleares para sua defesa. A fala gerou forte reação negativa, especialmente em Hiroshima, cidade atingida por bomba atômica em 1945.
No documento, a assembleia expressou preocupação com possíveis revisões dos chamados três princípios antinucleares, que proíbem a posse, a produção e a entrada de armas nucleares no território japonês. O tema ganhou força enquanto o Partido Liberal Democrata discute mudanças nos principais documentos de segurança nacional do país.
A declaração afirma que o Japão, como único país a ter sofrido ataques atômicos, tem a responsabilidade de lutar pela eliminação das armas nucleares. O texto destaca que a tragédia vivida por Hiroshima e Nagasaki há 80 anos não pode se repetir.
Esta é a primeira vez que assembleias de Hiroshima ou Nagasaki emitem uma opinião formal sobre a possível revisão dos princípios antinucleares. O presidente da Assembleia de Hiroshima, Takashi Nakamoto, afirmou que qualquer tentativa de revisão é inaceitável e deve ser impedida.
Organizações de sobreviventes da bomba atômica também criticaram duramente a declaração do funcionário do governo, classificando-a como injustificável. Segundo elas, defender armas nucleares vai contra o papel do Japão como mediador entre países com e sem armas nucleares.
Apesar de manter uma Constituição pacifista desde o fim da Segunda Guerra Mundial, o Japão depende da proteção nuclear dos Estados Unidos, o que gera debates internos. Autoridades do governo e do partido governista afirmam que o tema precisa ser discutido diante do atual cenário de segurança internacional, mas enfrentam forte oposição de regiões marcadas pelos efeitos das bombas atômicas.
