Em carta à polícia, Yamaguchi-gumi promete “fim à guerra da yakuza”

Líderes do maior grupo yakuza do Japão entregam carta à polícia dizendo que não causarão mais problemas, mas autoridades seguem cautelosas.

O grupo criminoso Yamaguchi-gumi, maior sindicato da máfia japonesa (yakuza), entregou uma carta à polícia de Hyogo nesta terça, dia 8, prometendo encerrar disputas territoriais e evitar “causar problemas” daqui em diante. A ação, que por si só já chama atenção, foi recebida com cautela pelas autoridades e especialistas em crime organizado.

A carta foi protocolada por executivos do grupo diretamente na sede da Polícia da Província de Hyogo, em Kobe, cidade que historicamente é o berço da organização. Segundo fontes da investigação, o documento indica um compromisso formal de cessar confrontos, mas pairam dúvidas sobre a real intenção por trás da iniciativa.

A promessa de paz surge em um contexto delicado: desde 2015, o grupo passou por uma cisão significativa, quando mais de uma dúzia de facções se separaram para formar a Kobe Yamaguchi-gumi, dando início a uma guerra silenciosa que resultou em mais de 150 incidentes violentos registrados em várias regiões do Japão até o ano passado.

“Precisamos observar cuidadosamente como a Kobe Yamaguchi-gumi vai reagir a essa movimentação”, disse um alto oficial da polícia de Hyogo. “Não é hora de baixar a guarda”.

Com o conflito e o cerco legal se intensificando, ambos os grupos vêm sofrendo uma queda constante em suas fileiras. O número combinado de membros e associados do Yamaguchi-gumi caiu de cerca de 14.100 em 2015 para aproximadamente 6.900 no fim de 2024. Já a Kobe Yamaguchi-gumi encolheu ainda mais drasticamente, passando de 6.100 para cerca de 320 membros.

O recuo declarado por parte do Yamaguchi-gumi levanta especulações: seria um reposicionamento estratégico diante do enfraquecimento estrutural? Uma tentativa de reduzir a vigilância das autoridades? Ou um verdadeiro esforço de reestruturação para se distanciar da imagem violenta?

Fontes que acompanham o crime organizado no Japão não descartam que o gesto seja meramente simbólico ou uma tática de relações públicas diante da crescente repressão policial e do desgaste interno.

Mesmo com a carta formal, nenhuma declaração pública foi feita pelos líderes das facções, e os detalhes sobre os termos do compromisso ainda são mantidos sob sigilo. A vigilância permanece redobrada, e autoridades devem continuar monitorando de perto qualquer movimentação suspeita entre os membros remanescentes.