Procedimento pioneiro com células iPS pode eliminar necessidade de injeções diárias de insulina; paciente passa bem e será monitorado por cinco anos.
O Hospital da Universidade de Quioto anunciou nesta segunda-feira, dia 14, a conclusão bem-sucedida de um teste clínico inédito utilizando células-tronco pluripotentes induzidas (iPS) para o tratamento de diabetes tipo 1. A cirurgia foi realizada em fevereiro com o objetivo de testar a segurança do procedimento, que pode representar uma alternativa às injeções diárias de insulina.
O paciente submetido à operação encontra-se em bom estado de saúde e já recebeu alta. Ele será monitorado por até cinco anos, segundo o hospital, e já se prepara para operar um segundo paciente.
As células iPS utilizadas foram transformadas em células pancreáticas produtoras de insulina (ilhotas pancreáticas) e cultivadas em uma fina camada, posteriormente transplantada sob a pele na região abdominal.
A técnica foi desenvolvida com apoio da empresa Orizuru Therapeutics Inc., especializada em medicina regenerativa. O responsável pelo ensaio clínico, o professor Daisuke Yabe, afirmou em coletiva de imprensa: “Nosso objetivo é tornar esse tratamento viável para uso prático nos anos 2030.”
A diabetes tipo 1 é uma doença autoimune que impede o pâncreas de produzir insulina, exigindo que os pacientes façam aplicações diárias do hormônio para controlar os níveis de glicose no sangue. Em casos graves, a falta de controle pode causar desmaios e outras complicações. A doença costuma se manifestar ainda na infância.
Segundo dados de 2020 da pasta da saúde do MHLW, há cerca de 139 mil pacientes com diabetes tipo 1 no país, conforme levantamento da Associação Japonesa de Prevenção de Doenças Relacionadas ao Estilo de Vida.
As células iPS utilizadas foram desenvolvidas pelo cientista japonês Shinya Yamanaka, laureado com o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina em 2012. Ele é diretor emérito do Centro de Pesquisa em Células iPS da Universidade de Quioto, referência mundial em biotecnologia.