Caso inédito no Japão envolve uso de inteligência artificial para criar imagens explícitas de mulheres vendidas online; investigados lucraram cerca de 10 milhões de ienes.
Quatro pessoas foram presas no Japão por supostamente vender pôsteres com imagens sexualmente explícitas de mulheres criadas por inteligência artificial. O caso é considerado o primeiro do tipo no país.
Entre os detidos está Tomohiro Mizutani, de 44 anos, morador da província de Aichi e funcionário do varejo. Ele é acusado de distribuir e exibir material obsceno a compradores não identificados por meio de leilões online.
As transações investigadas ocorreram em outubro, mas a polícia estima que o grupo tenha acumulado cerca de 10 milhões de ienes (aproximadamente R$ 350 mil) em vendas ao longo de um ano.
Mizutani e outros dois suspeitos confessaram o crime, admitindo que usaram IA para “ganhar dinheiro facilmente”. O quarto investigado negou parte das acusações.
O grupo utilizava programas gratuitos de IA generativa disponíveis na internet para criar imagens pornográficas com instruções específicas sobre poses e contextos. Os pôsteres eram anunciados como “beleza feita por IA”, vendidos por alguns milhares de ienes cada.
Para burlar a moderação das plataformas, os suspeitos exibiam versões censuradas dos pôsteres nos leilões online, mas enviavam versões sem censura aos compradores.
A operação ilegal foi descoberta durante uma patrulha virtual da polícia.
O caso acontece num momento em que governos de vários países intensificam os esforços para regular o uso de IA em conteúdos pornográficos, sobretudo os chamados deepfakes imagens ou vídeos manipulados de forma realista para parecerem autênticos.
O tema ganhou repercussão internacional em 2024, após a divulgação de deepfakes explícitos da cantora Taylor Swift, o que acendeu o alerta global sobre os riscos dessa tecnologia.
No Japão, ainda não existem leis específicas que proíbam deepfakes pornográficos, segundo a Agência para Crianças e Famílias. No entanto, em março deste ano, a assembleia da província de Tottori, no oeste do país, aprovou uma ordenança pioneira que proíbe a criação e a distribuição desse tipo de material como forma de proteger menores contra abusos sexuais.