Nissan avalia venda da sede em Yokohama para financiar reestruturação global

Montadora japonesa enfrenta prejuízo bilionário e planeja fechar sete fábricas e cortar 20 mil empregos.

A Nissan, terceira maior montadora do Japão em volume, está considerando a venda de seu prédio-sede localizado em Yokohama, como parte de um amplo plano de reestruturação para enfrentar dificuldades financeiras e operacionais. Fontes próximas à empresa informaram que os recursos obtidos com a venda, estimada em mais de 100 bilhões de ienes (aproximadamente 700 milhões de dólares), seriam usados para cobrir custos relacionados ao fechamento planejado de sete fábricas em todo o mundo até o ano fiscal de 2027.

A montadora anunciou em maio que teve um prejuízo líquido de 670,9 bilhões de ienes no ano fiscal encerrado em março, incluindo uma perda por impairment de 460 bilhões de ienes e custos de reestruturação de 60 bilhões de ienes. Além disso, a Nissan prevê incorrer em custos adicionais de reestruturação na ordem de 60 bilhões de ienes neste ano fiscal, embora ainda não tenha divulgado uma previsão oficial de lucro para o período, devido às incertezas causadas por tarifas dos Estados Unidos e despesas extras.

Mesmo com a possível venda do edifício, a empresa avalia a possibilidade de um acordo de “sale and leaseback” (venda com arrendamento posterior), que permitiria continuar utilizando o espaço como sede mediante contrato de aluguel com o comprador. No entanto, a decisão final ainda não foi tomada, pois há resistência interna de alguns executivos.

A Nissan enfrenta pressão devido à queda nas vendas de veículos na China e nos Estados Unidos, além do impacto das tarifas comerciais americanas. Em resposta, a empresa anunciou o fechamento de sete das suas 17 fábricas atuais e a redução de 20.000 empregos globalmente, buscando simplificar suas operações e retornar à lucratividade já no próximo ano fiscal.

Desde a saída conturbada do ex-presidente Carlos Ghosn em 2018, a empresa tem enfrentado instabilidade na gestão. Em abril de 2025, Ivan Espinosa assumiu o cargo de CEO, encarregado de liderar a recuperação da Nissan. A montadora também enfrenta o desafio de atualizar sua linha de produtos, que inclui modelos como o Nissan Leaf, pioneiro em mobilidade elétrica, mas que atualmente perde terreno para concorrentes em termos de tecnologia e autonomia.

O prédio-sede da Nissan está localizado no endereço 1-1-1 Takashima, Nishi-ku, Yokohama, e é um símbolo da empresa, abrigando milhares de funcionários em um campus moderno e de grande porte. A venda deste ativo emblemático reflete a gravidade da crise enfrentada pela montadora e a urgência em garantir recursos para sua reestruturação.