Trump anuncia cessar-fogo entre Israel e Irã, enquanto Teerã enfrenta isolamento internacional e crise sem aliados

Após 12 dias de conflito, Irã aceita trégua mediada pelos EUA, mas enfrenta abandono de aliados como Rússia, China e grupos armados da região.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira (23) um acordo de cessar-fogo entre Israel e Irã, encerrando 12 dias de confrontos intensos no Oriente Médio. Apesar do anúncio, a situação no Irã se agrava, com o país cada vez mais isolado no cenário internacional e sem o apoio de seus tradicionais aliados, como Rússia, China e milícias da região.

Segundo Trump, o acordo foi firmado após negociações diretas com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e contou com a participação do Catar, que intermediou o contato com Teerã. O Irã confirmou que aceita a trégua, mas Israel ainda não se manifestou oficialmente.

O acordo prevê que ambas as partes interrompam ataques, desde que não haja novas provocações. Mesmo com a trégua em andamento, a tensão na região permanece alta. O exército israelense chegou a emitir alertas de evacuação para bairros de Teerã e ativou sirenes de ataque aéreo nas Colinas de Golã, temendo possíveis represálias.

O conflito ganhou força após os EUA, sob ordem de Trump, bombardearem instalações nucleares subterrâneas no Irã com bombas de 30 mil libras. Como resposta, o Irã lançou 14 mísseis contra uma base americana no Catar, mas, segundo Trump, o ataque foi “fraco” e não causou feridos nem danos significativos. Trump destacou que os iranianos avisaram com antecedência, o que ajudou a conter o impacto e indicou uma tentativa de evitar uma guerra maior.

🌍 Irã isolado: sem apoio de aliados e com crise interna

O cessar-fogo acontece em um momento em que o Irã se vê mais isolado do que nunca. Rússia e China, apesar de manterem relações comerciais e diplomáticas com Teerã, não ofereceram ajuda militar ou econômica. Ambos limitaram-se a críticas verbais aos ataques dos EUA e de Israel, mas descartaram qualquer intervenção direta.

O grupo BRICS, que o Irã passou a integrar no início de 2024, também se manteve em silêncio. Nem Moscou, ocupado com a guerra na Ucrânia, nem Pequim, dependente do petróleo iraniano, demonstraram disposição para socorrer o regime iraniano.

Na região, a situação também é desfavorável. O Hezbollah, no Líbano, bastante enfraquecido após ataques israelenses no ano passado, não ofereceu apoio concreto. A exceção foram os Houthis, no Iêmen, que ameaçaram embarcações dos EUA no Mar Vermelho, mas correm risco de sofrer novos bombardeios americanos.

Enquanto isso, países como Arábia Saudita e Emirados Árabes, que tentaram mediar negociações nucleares entre os EUA e o Irã, agora apelam pela contenção, temendo que uma retaliação iraniana desestabilize toda a região.

A Europa também ficou de fora das decisões mais importantes. Países como Reino Unido, França e Alemanha, que historicamente atuaram em negociações no Oriente Médio, foram ignorados. Durante uma reunião do G7, Trump chegou a repreender publicamente o presidente francês, Emmanuel Macron, que sugeriu que os EUA buscavam um acordo de paz.

A prioridade dos países europeus agora é conter suas próprias crises internas e reforçar a aliança da OTAN, especialmente diante da guerra na Ucrânia. A atuação europeia no conflito entre Irã, Israel e EUA foi praticamente simbólica.

⚠️ Crise interna e sucessão no Irã

Dentro do Irã, o cenário também é de instabilidade. Com a capital Teerã parcialmente esvaziada após dias de bombardeios, crescem os debates sobre quem substituirá o aiatolá Ali Khamenei, de 86 anos. Os nomes mais cotados são Mojtaba Khamenei, filho do líder supremo, e Hassan Khomeini, neto do fundador da Revolução Islâmica.

Embora Trump tenha declarado que seu objetivo era impedir que o Irã desenvolvesse armas nucleares, ele também deu a entender que não se oporia a uma mudança de regime em Teerã. Israel, por sua vez, deixou claro que seus ataques visaram não apenas as instalações nucleares, mas também estruturas que sustentam o regime iraniano, como a prisão de Evin, conhecida por abrigar presos políticos.

🔥 Novo xadrez no Oriente Médio

O cessar-fogo anunciado não resolve todos os problemas, mas marca um momento decisivo na geopolítica do Oriente Médio. O Irã, sem apoio internacional e com aliados enfraquecidos, vive seu maior desafio desde a Revolução Islâmica de 1979. Enquanto isso, Trump se consolida como a figura central na condução desse conflito, assumindo um papel que nem seus antecessores ousaram tomar.