Após anos de exclusão institucional, professores associados do Departamento de Química conquistam direito de liderar laboratórios e supervisionar alunos, mas falta de transparência sobre regras internas levanta preocupações.
Professores associados do Departamento de Química da Universidade de Hokkaido, no Japão, que denunciaram isolamento sistemático e exclusão institucional, voltaram a ter permissão para liderar laboratórios de pesquisa independentes e orientar estudantes.
Alguns desses docentes chegaram a ficar mais de quatro anos trabalhando completamente sozinhos, sem alunos e sem qualquer suporte da universidade. A situação, vista por muitos como uma tentativa velada de forçá-los a deixar a instituição, começou a mudar após a apresentação formal de uma queixa à administração da Faculdade de Ciências em janeiro de 2024.
O problema teve origem na forma como o departamento passou a tratar professores associados cujos supervisores haviam se aposentado ou transferido. A partir do ano acadêmico de 2020, esses docentes foram rotulados como “ex-membros” e submetidos a restrições como proibição de receber novos estudantes, mudanças forçadas de sala, exclusão de grupos de pesquisa ativos e impedimento para gerenciar laboratórios.
Com a impossibilidade de recrutar estudantes, esses profissionais foram forçados a conduzir pesquisas solitárias, sem assistência acadêmica. A situação começou a mudar em junho deste ano, quando o departamento anunciou em seu site oficial que três dos quatro professores afetados passaram a liderar novos laboratórios independentes e já receberam estudantes de graduação do quarto ano. Um docente, no entanto, permanece excluído — possivelmente por questionamentos relacionados à qualificação para orientar doutorandos.
Apesar do avanço, o departamento se recusou a informar se as regras internas que causaram o isolamento foram oficialmente revogadas. A comissão departamental limitou-se a declarar que “houve progresso constante”, mas preferiu não responder perguntas específicas, citando possíveis prejuízos à reputação da instituição e impactos no ensino.
Especialistas, como Eisuke Enoki, diretor do instituto Kaseiken, alertam que a melhora recente não apaga os anos de dano causado. “Isso não é um avanço, é apenas um retorno à normalidade, do negativo ao zero”, afirmou. Para Enoki, o departamento deve explicações claras: “Instituições que não tratam seus pesquisadores com respeito não conseguem atrair talentos de qualidade.”