Professores isolados por anos em Hokkaido conseguem reabrir laboratórios após denúncia de exclusão

professores isolados Hokkaido

Departamento de química impedia docentes de orientar alunos e manter pesquisas; após protestos, universidade permite reabertura parcial de laboratórios.

Após mais de quatro anos de isolamento acadêmico, vários professores associados do Departamento de Química da Universidade de Hokkaido, no Japão, conseguiram retomar suas atividades de forma independente, com direito à supervisão de estudantes e à abertura de novos laboratórios. A mudança veio após denúncias de tratamento discriminatório e exclusão institucional sistemática.

Segundo o jornal Mainichi Shimbun, os professores afetados foram rotulados como “ex-membros” após a saída de seus supervisores, por aposentadoria ou transferência e passaram a ser isolados dos demais colegas. Regras internas aprovadas em 2020 os impediam de receber novos alunos, gerenciar laboratórios e até de participar de outros grupos de pesquisa.

Sem apoio institucional nem estudantes, os professores foram forçados a trabalhar de forma completamente solitária por anos. Em janeiro de 2024, um grupo deles formalizou uma queixa junto à Faculdade de Ciências, alegando que a prática visava forçá-los a sair da universidade.

Mudança parcial e falta de transparência

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O portão principal da Universidade de Hokkaido é visto no bairro Kita de Sapporo em 19 de junho de 2025. (Imagem: Mainichi / Shimpei Torii)

Em junho, o departamento reconheceu publicamente avanços. Três dos quatro professores isolados receberam autorização para abrir novos laboratórios e voltaram a orientar alunos, inclusive de graduação. No entanto, um docente ainda permanece excluído, supostamente por não preencher requisitos para supervisionar alunos de doutorado.

Questionado pelo Mainichi Shimbun sobre a situação, o comitê do departamento se recusou a confirmar se as regras que causaram a exclusão foram oficialmente revogadas. Alegando risco de “danos à reputação” e “interferência no ensino”, limitou-se a dizer:

“Fizemos progressos constantes, mas não responderemos perguntas específicas.”

Especialista critica postura institucional

Para Eisuke Enoki, diretor do Kaseiken, instituto que estuda ciência, política e sociedade —, a decisão de reintegrar os docentes é apenas o “retorno ao estado normal”, e não um avanço real.

“A universidade tem responsabilidade por impor sofrimento prolongado a esses profissionais. Sem respeito às pessoas, não é possível atrair talentos de qualidade”, disse.

Apesar dos sinais de melhora, segue incerto se as mudanças são temporárias ou se passarão a valer como política duradoura para outros docentes que eventualmente se encontrem na mesma situação.

Com informações do Mainichi Shimbun