Templo no Japão cobra entrada apenas de turistas estrangeiros e gera polêmica

Templo budista Nanzoin, em Fukuoka, justifica taxa de 300 ienes por comportamentos inadequados de visitantes estrangeiros

O templo Nanzoin, no sudoeste do Japão, tem sido alvo de críticas após começar a cobrar entrada apenas de turistas estrangeiros. A medida está em vigor desde maio e cobra 300 ienes (cerca de R$ 11) por pessoa. Visitantes japoneses entram gratuitamente.

O templo, localizado em Fukuoka e famoso por abrigar uma das maiores estátuas de Buda reclinado do mundo, afirma que a taxa é necessária para cobrir custos extras com limpeza e segurança. Segundo o monge-chefe Kakujo Hayashi, o número de visitantes estrangeiros aumentou muito após o fim das restrições da pandemia, trazendo também problemas como lixo, consumo de bebidas alcoólicas, uso de fogos de artifício e mau uso dos banheiros.

“Queremos que alguém assuma os custos extras”, disse Hayashi, de 72 anos. “Isso não é discriminação”, afirmou.

No entanto, especialistas e internautas têm questionado a prática, especialmente porque não há sinalização em japonês explicando a cobrança. Um letreiro em inglês com a palavra “Visitors” (Visitantes) está posicionado na entrada, e estrangeiros são direcionados a uma fila para pagar a taxa. Já japoneses são identificados por funcionários ou seguranças, que perguntam verbalmente se são do Japão e, em caso afirmativo, os liberam para entrar sem pagar.

A cobrança não se aplica a estrangeiros que vivem no Japão com visto de trabalho ou estudo e conseguem comprovar isso.

O debate sobre o tratamento dado a turistas estrangeiros tem ganhado força nas redes sociais e nos meios de comunicação, especialmente às vésperas das eleições para a Câmara dos Conselheiros, previstas para este domingo. Para alguns, a cobrança representa uma forma de exclusão.

Casos de preços diferenciados para estrangeiros não são inéditos no mundo. Locais turísticos como o Taj Mahal, na Índia, adotam valores mais altos para não residentes, com o argumento de preservar o patrimônio e manter o acesso acessível para os locais.

Mesmo assim, críticos argumentam que, em um país onde o turismo internacional bate recordes, é necessário mais transparência e equilíbrio nas políticas de acolhimento aos visitantes.