Em visita ao Japão, Jorgen Frydnes pede que o mundo ouça os hibakusha antes que seja tarde e alerta para ameaça ao “tabu nuclear”
O presidente do Comitê Norueguês do Nobel da Paz, Jorgen Watne Frydnes, afirmou nesta sexta-feira (25) que ouvir os relatos dos sobreviventes das bombas atômicas foi uma experiência tanto “dolorosa” quanto “inspiradora”. A declaração foi feita durante sua primeira visita ao Japão, onde ele passou por Hiroshima e Nagasaki, cidades destruídas pelos ataques nucleares dos Estados Unidos em 1945.
Frydnes, de 40 anos, esteve envolvido diretamente na decisão de conceder o Prêmio Nobel da Paz de 2024 à Nihon Hidankyo, principal organização japonesa de sobreviventes das bombas atômicas. Em entrevista à agência Kyodo News, ele disse que os testemunhos dos hibakusha (nome dado aos sobreviventes no Japão) são uma “força para a mudança e uma força para a paz”.
Ele alertou para a urgência de ouvir essas histórias enquanto ainda há sobreviventes vivos. “É essencial escutar agora, antes que seja tarde demais, e agir para garantir que as consequências humanitárias das armas nucleares nunca sejam esquecidas”, disse Frydnes.
Em meio à crescente instabilidade política no mundo, o presidente do comitê Nobel afirmou que o “tabu nuclear” – o repúdio ao uso de armas nucleares, fortemente influenciado pelos relatos dos sobreviventes – está sob ameaça. Ele disse que a entrega do prêmio à Nihon Hidankyo serve como um “sinal de alerta” e também como uma homenagem aos que trabalharam para manter esse tabu.
A Nihon Hidankyo, também conhecida como Confederação Japonesa das Organizações de Vítimas das Bombas A e H, foi reconhecida por seus esforços em prol de um mundo livre de armas nucleares e por mostrar, através de testemunhos, que essas armas nunca devem ser usadas novamente.
Os ataques aéreos com bombas atômicas realizados pelos Estados Unidos ocorreram em 6 de agosto de 1945, em Hiroshima, e em 9 de agosto do mesmo ano, em Nagasaki. Estima-se que mais de 200 mil pessoas tenham morrido até o fim de 1945. Os sobreviventes lidam, até hoje, com sérias sequelas físicas, psicológicas e sociais.