Experimento pioneiro mostra que o missô pode ser fermentado em microgravidade, com sabor mais intenso e aroma tostado.
Em um marco histórico para a gastronomia japonesa e a ciência espacial, o tradicional condimento missô foi fermentado com sucesso na Estação Espacial Internacional (ISS). O experimento, liderado por pesquisadores dos Estados Unidos e da Europa, foi publicado na revista científica iScience em abril de 2025.
A mistura de soja cozida, arroz koji e sal foi enviada ao espaço em março de 2020, onde permaneceu por 30 dias em microgravidade. O resultado surpreendeu: o missô espacial apresentou sabor mais intenso, com notas tostadas e de noz, além de maior concentração de ácido glutâmico, responsável pelo umami.
Apesar da ausência de leveduras e bactérias lácticas que são comuns na produção tradicional japonesa, os cientistas confirmaram que o produto final era reconhecível como miso. Um chef chegou a preparar sopa de missô com os resíduos do experimento, que foi apreciada pela equipe.

Segundo Maggie Coblentz (MIT Media Lab) e Joshua Evans (Universidade Técnica da Dinamarca), a escolha do missô foi estratégica: além de ser rico em sabor e proteína, representa a diversidade alimentar que falta na ISS, onde predominam alimentos ocidentais como pão, queijo e vinho.
O experimento enfrentou desafios logísticos e quase foi cancelado devido à pandemia de COVID-19. A fermentação foi realizada com esporos de koji fornecidos pela empresa japonesa Bio’c, que só soube da participação ao ler o artigo publicado.
Inspirado pelo sucesso do missô, o fabricante de saquê Dassai Inc. planeja enviar ingredientes para produzir saquê no espaço ainda este ano. A empresa já vendeu uma garrafa de 100 ml por cerca de ¥100 milhões (US$ 670 mil).
Embora alguns especialistas, como Takeo Koizumi, questionem a autenticidade do miso espacial, o impacto cultural e científico é inegável. A fermentação em microgravidade abre caminho para novas possibilidades culinárias em missões espaciais de longa duração e reforça o papel da cultura japonesa na inovação global.

“É um pequeno passo para os alimentos dos astronautas e um grande salto para a culinária japonesa!”
Com informações via Asahi Shimbun