Familiares das 520 vítimas sobem montanha para homenagear entes queridos e reforçar o apelo por mais segurança nos voos
Nesta terça-feira (12), famílias das vítimas do trágico acidente do voo JAL 123, da Japan Airlines, marcaram os 40 anos do pior desastre aéreo com um único avião na história. A tragédia deixou 520 mortos e apenas quatro sobreviventes em 12 de agosto de 1985.
Cerca de 283 pessoas, entre familiares e amigos dos mortos, subiram uma trilha íngreme até a crista de Osutaka, uma montanha ao noroeste de Tóquio, onde o Boeing 747 caiu quase 45 minutos após decolar do aeroporto de Haneda, com destino a Osaka.
Muitos participantes carregavam flores, acompanhados por filhos e netos, para prestar homenagens. No local do impacto, foram feitas orações silenciosas e balões coloridos foram soltos no céu em memória das vítimas.
Kuniko Miyajima, de 78 anos, uma das líderes da associação de familiares desde o início, subiu a montanha mesmo com o caminho escorregadio. Lá, ela visitou o memorial do filho Ken, que tinha apenas 9 anos e viajava sozinho.
“Este é um lugar para lembrar o valor da vida. Quero que isso seja um recomeço para continuar lutando por segurança”, disse ela.
Às 18h56, horário exato do acidente, 520 velas foram acesas em uma cerimônia especial aos pés da montanha, no vilarejo de Ueno, em Gunma.
O presidente da Japan Airlines, Mitsuko Tottori, também esteve presente e prometeu manter o compromisso com a segurança. “Esse acidente marca a origem do nosso foco em segurança”, afirmou.
O relatório oficial japonês, divulgado em 1987, apontou que a causa foi uma falha em um reparo feito pela fabricante Boeing. Um problema na parte traseira da fuselagem causou a ruptura da estrutura e a perda de controle do avião.
Entre os passageiros estavam muitos que voltavam para casa no feriado de verão “Bon”, incluindo crianças e o famoso cantor Kyu Sakamoto, da música “Sukiyaki”.
Hoje, familiares mais jovens assumem o papel de manter viva a memória da tragédia. Shin Miyajima, irmão mais velho de Ken, disse: “Não consigo fazer o que minha mãe fazia, mas tenho um senso de missão. Podemos usar as redes sociais para continuar essa história”.
A Japan Airlines mantém um centro de segurança com peças do avião destruído e mensagens deixadas pelas vítimas. Novos funcionários da empresa visitam o local como parte do treinamento.
Mesmo com escândalos recentes, como casos de pilotos alcoolizados, o Japão não registra mortes em voos comerciais desde 1985, o que reforça a importância do legado das vítimas na busca por um transporte aéreo mais seguro.