Com mais de 180 países reunidos, proposta sem restrições à produção de plástico é rejeitada; prazo final termina nesta quinta-feira.
A comunidade internacional está reunida em Genebra, Suíça, desde o dia 5 de agosto, para tentar finalizar um tratado global sem precedentes contra a poluição por plásticos. A sessão ministerial, que conta com representantes de 184 países e mais de 600 organizações, termina nesta quinta-feira, 14 de agosto, mas o consenso ainda parece distante.
O que está em jogo?
O tratado, negociado desde 2022, busca criar um instrumento legalmente vinculante para combater a poluição plástica em todas as etapas, da produção ao descarte. A proposta atual, no entanto, não inclui limites à produção de plásticos nem regula substâncias químicas tóxicas, o que gerou forte rejeição de diversos países e organizações ambientais.
Divisão entre países:
- A União Europeia, o Quênia e países insulares como Tuvalu exigem medidas mais rígidas, incluindo redução da produção e proibição de químicos nocivos.
- Países produtores de petróleo, como Arábia Saudita e Kuwait, defendem foco apenas em gestão de resíduos e reciclagem, sem tocar na produção.
- Os Estados Unidos, sob o governo de Donald Trump, também demonstram resistência a restrições, embora participem das negociações.
Textos em disputa:
O primeiro texto-base, apresentado no sábado, incluía regulamentações sobre produção, mas foi considerado excessivamente fragmentado, com mais de 1.500 trechos em disputa. Na quarta-feira, um novo rascunho foi divulgado, sem restrições à produção, o que foi imediatamente rejeitado por dezenas de países.
“Não é ambição, é rendição,” declarou o negociador do Panamá.
“O tratado não pode falhar em proteger nossas culturas e ecossistemas,” afirmou Tuvalu, representando 14 nações insulares do Pacífico.
Saúde pública em risco:
A exclusão de referências à saúde humana no novo texto também gerou críticas. Estudos recentes mostram que microplásticos estão presentes no sangue, pulmões e até em recém-nascidos, além de estarem ligados a doenças cardíacas e câncer.
“Não podemos reciclar nosso caminho para fora dessa crise,” disse Juan Monterrey, negociador do Panamá.
“O veneno está dentro de nós.”
Prorrogação à vista?
Com o prazo final se aproximando e o impasse persistente, observadores já consideram inevitável uma prorrogação das negociações. O presidente do comitê, Luis Vayas Valdivieso, já havia alertado que “14 de agosto não é apenas um prazo, é o momento de entregar resultados”.