Microplásticos e nanoplásticos já estão no corpo humano: estudos revelam riscos à saúde e ao meio ambiente

Pesquisas recentes mostram que partículas plásticas estão presentes no cérebro, coração, pulmões e até no sangue, levantando preocupações sobre inflamações e doenças.

Pesquisadores de diversos países estão soando o alarme: a poluição plástica está se espalhando por terra e mar, e agora também dentro do corpo humano. Estudos recentes revelam que microplásticos e nanoplásticos, partículas minúsculas de plástico, estão sendo encontrados em órgãos como coração, cérebro, pulmões, sangue, leite materno e até sêmen.

Essas partículas entram no corpo por meio da água potável, do consumo de peixes contaminados, e até pela inalação de ar com fragmentos plásticos flutuantes.

  • Microplásticos: partículas entre 5 mm e 1 micrômetro
  • Nanoplásticos: partículas entre 1 e 1.000 nanômetros (1 nanômetro = 0,000001 mm)

Eles são gerados pela degradação de plásticos maiores, como embalagens, roupas sintéticas e pneus, e persistem no meio ambiente por décadas.

Um estudo das universidades Columbia e Rutgers, nos EUA, detectou 240 mil partículas plásticas em um único litro de água engarrafada. 90% eram nanoplásticos, invisíveis a olho nu.

Pesquisas indicam que essas partículas podem causar inflamações, já que são corpos estranhos aos tecidos humanos. O problema se agrava com os aditivos químicos usados para dar resistência e flexibilidade ao plástico, muitos deles não são ligados quimicamente ao material e podem se desprender com o tempo.

Segundo a ONU, mais de 13 mil substâncias químicas estão associadas à produção de plásticos. Destas, 3.200 são potencialmente perigosas, podendo causar câncer, mutações genéticas, problemas reprodutivos e desequilíbrios hormonais.

Microplásticos misturados com areia, fragmentos de madeira e resíduos plásticos são encontrados ao longo de uma costa na província de Yamagata. (Imagem via Asahi Shimbun)

Estudos em humanos e animais:

  • Plásticos foram encontrados no sangue de 4 em 11 voluntários em estudo japonês
  • Pacientes com demência apresentaram níveis mais altos de microplásticos no cérebro
  • Pessoas com partículas plásticas nas artérias do pescoço têm maior risco de infarto, AVC ou morte

Embora os testes em animais mostrem efeitos como infertilidade e alterações hormonais, os cientistas alertam que ainda é cedo para afirmar que os mesmos impactos ocorrem em humanos.

A regulação de aditivos químicos varia entre países. No Japão, leis como a de Controle de Substâncias Químicas e a Lei de Saneamento de Alimentos são aplicadas, mas muitos compostos ainda não são regulados por falta de evidências conclusivas. Já a União Europeia adota o princípio da precaução, regulando mesmo sem provas definitivas.

Como se proteger?

  • Evite aquecer alimentos em recipientes plásticos no micro-ondas
  • Prefira vidro ou cerâmica resistentes ao calor
  • Reduza o uso de plásticos descartáveis sempre que possível

“Você não precisa se preocupar demais com os plásticos se levar uma vida normal,” diz o professor Hideshige Takada. “Mas é melhor tomar precauções sempre que puder.”

Resumo da crise dos microplásticos – Agosto 2025:

TemaDestaques principais
Onde são encontradosCérebro, coração, pulmões, sangue, leite materno, fezes
Fontes de contaminaçãoÁgua engarrafada, peixes, ar, embalagens plásticas
Riscos à saúdeInflamações, doenças cardíacas, distúrbios hormonais
Substâncias químicas envolvidasMais de 13 mil, sendo 3.200 potencialmente perigosas
Regulação internacionalJapão (limitada), UE (precaução rigorosa)
Recomendações práticasEvitar aquecer plástico, usar vidro/cerâmica, reduzir uso

Com informações via Asahi Shimbun