Imperador, imperatriz e princesa Aiko prestam homenagem em Nagasaki nos 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial
O imperador do Japão, Naruhito, a imperatriz Masako e a princesa Aiko visitaram nesta sexta-feira (12) a cidade de Nagasaki para prestar homenagem às vítimas do bombardeio atômico de 1945, em uma visita simbólica que encerra uma série de tributos no ano em que se marca o 80º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial.
Esta foi a primeira vez que o casal imperial visita Nagasaki desde que Naruhito assumiu o trono, em 2019. Para a princesa Aiko, de 23 anos, foi a primeira visita à cidade marcada pela tragédia da bomba atômica.
A família imperial depositou flores em um monumento no Parque da Paz de Nagasaki, construído no local da explosão da bomba, que guarda os nomes de cerca de 200 mil vítimas. Eles também visitaram o Museu da Bomba Atômica de Nagasaki.
Mais tarde, encontraram-se com sobreviventes do ataque nuclear, incluindo Shigemitsu Tanaka, representante da Confederação Japonesa das Organizações de Vítimas de Bombas A e H, que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2024. Também estiveram com pessoas que trabalham para manter viva a memória dos bombardeios.
O ataque dos Estados Unidos a Nagasaki em 9 de agosto de 1945 matou cerca de 74 mil pessoas até o fim daquele ano, deixando milhares de outros afetados pelas consequências da radiação nas décadas seguintes.
Segundo o professor Hideya Kawanishi, especialista em assuntos imperiais da Universidade de Nagoya, encontros como esse ajudam a legitimar as novas gerações de “contadores de histórias” sobre os horrores da guerra, especialmente quando os sobreviventes diretos estão desaparecendo.
Ele destacou ainda que a presença da princesa Aiko ao lado dos pais é um gesto importante para aproximar os jovens japoneses de um passado que já parece distante. “Ao levá-la junto, eles provavelmente queriam que ela vivenciasse diretamente as histórias e emoções desses momentos”, afirmou.
No sábado (13), a família visitará um asilo onde vivem sobreviventes da bomba. Após isso, a princesa Aiko retornará a Tóquio. O casal imperial seguirá para Sasebo, também em Nagasaki, onde participarão da cerimônia de abertura do Festival Cultural Nacional.
Desde abril, o imperador e a imperatriz têm realizado visitas a locais marcantes da guerra. Já passaram por Iwoto (antiga Iwojima), palco de um dos combates mais intensos da Guerra do Pacífico, Okinawa e Hiroshima, além de uma visita histórica à Mongólia, onde homenagearam japoneses mortos em campos de internamento.
Essas ações refletem o compromisso contínuo do imperador Naruhito com a memória das vítimas da guerra e com a promoção da paz — seguindo o exemplo de seu pai, o imperador emérito Akihito, que também visitou locais históricos nos anos 1990.
Em seu aniversário de 65 anos, em fevereiro, Naruhito afirmou esperar que os 80 anos do fim da guerra sirvam como um momento de renovação do compromisso com a paz. Ele também destacou a importância do papel dos “contadores de histórias” para as gerações mais jovens.
“Para muitos japoneses hoje, a guerra já desapareceu da memória cotidiana. Mas quando o imperador ou outros membros da família imperial visitam esses locais, as pessoas se interessam”, concluiu Kawanishi.