Jornalista Shiori Ito pede desculpas por usar imagens sem permissão em documentário “Black Box Diaries”

A cineasta e símbolo do movimento #MeToo no Japão admitiu ter incluído trechos de vídeo sem autorização e publicou um pedido de desculpas público.

A jornalista e cineasta japonesa Shiori Ito pediu desculpas publicamente por ter usado trechos de vídeo sem autorização em seu documentário Black Box Diaries, que retrata sua experiência como sobrevivente de violência sexual. A informação foi divulgada neste domingo (26) em um comunicado publicado em seu site oficial.

O filme, dirigido pela própria Ito e indicado a prêmios internacionais, inclui o relato de um motorista de táxi que descreve o que viu antes do incidente relatado pela jornalista. No comunicado, Ito reconheceu que não obteve o consentimento do motorista nem de outras pessoas que aparecem no material utilizado.

Segundo ela, foram feitas várias tentativas de contato com o motorista durante mais de seis meses antes do lançamento do filme em outros países, mas não houve sucesso. Mesmo assim, ela decidiu incluir as imagens.

“Essa decisão foi errada e causou grande desconforto e angústia ao motorista e à sua família”, afirmou Ito. “Também peço desculpas por ter continuado a usar o material enquanto as negociações estavam em andamento.”

A jornalista agradeceu ainda ao motorista por ter aceitado suas desculpas e por permitir o uso de uma nova versão da cena.

O documentário Black Box Diaries mostra o caso que tornou Shiori Ito uma figura central do movimento #MeToo no Japão. O filme aborda o episódio em que ela acusa o ex-repórter de TV Noriyuki Yamaguchi de tê-la estuprado após um jantar em Tóquio, em 2015 — acusação que ele nega.

O caso ganhou repercussão internacional após as autoridades japonesas decidirem não indiciar Yamaguchi por falta de provas. Ito então entrou com um processo civil e escreveu o livro Black Box, no qual detalha o episódio e denuncia o tratamento dado às vítimas de abuso sexual no país.

Ainda não há decisão sobre se o filme será exibido no Japão, já que a obra também contém imagens de câmeras de segurança do hotel onde Ito afirma ter sido atacada. O uso não autorizado desse material também é alvo de disputa.

Com o pedido de desculpas, Ito reafirmou o compromisso de revisar o documentário e seguir os padrões éticos do jornalismo e do cinema documental.