Presidente e gerente detidos por contratar indianos com visto inadequado; 70% dos funcionários são estrangeiros em meio a mercado de ¥194,9 bilhões.
Em uma operação conduzida pela polícia da província de Saitama em 13 de novembro de 2025, o presidente da Vegemeal, Makoto Ishii, de 48 anos, e o gerente de pessoal, de 47 anos, foram presos sob suspeita de violação da Lei de Controle de Imigração e Reconhecimento de Refugiados. A empresa, sediada na cidade de Fukaya, também foi formalmente indiciada e encaminhada ao Ministério Público.
As autoridades alegam que os executivos conspiraram para empregar três cidadãos indianos na linha de produção de vegetais frescos cortados entre julho de 2024 e outubro de 2025. Os trabalhadores possuíam status de residência destinado exclusivamente a ocupações profissionais ou altamente qualificadas, o que proíbe expressamente atividades manuais em fábricas. Os três indianos foram igualmente detidos por falsificação de documentos em conluio com um quarto indivíduo ainda não identificado.
Durante os interrogatórios, Ishii negou responsabilidade direta, afirmando que delegava todas as questões de recursos humanos à equipe subordinada. Já o gerente de pessoal admitiu as irregularidades, declarando que a empresa dependia de mão de obra estrangeira disposta a aceitar o salário mínimo para preencher lacunas críticas, especialmente nos turnos noturnos e da madrugada, quando a escassez de trabalhadores é mais aguda.
Estrutura Operacional e Dependência de Estrangeiros
A Vegemeal, fundada em 2013, opera duas unidades de produção especializadas em vegetais pré-cortados para grandes redes de supermercados na região metropolitana de Tóquio. No ano fiscal encerrado em agosto de 2024, a companhia registrou faturamento de ¥7,3 bilhões (aproximadamente US$ 47,2 milhões), segundo dados de institutos de pesquisa de mercado.
Dos cerca de 460 funcionários da planta principal, 70% são estrangeiros – proporção que reflete tanto a crise crônica de mão de obra no setor quanto a intensa demanda por operação ininterrupta. A fábrica funciona 24 horas por dia, sete dias por semana, para atender prazos rigorosos: vegetais folhosos como repolho e alface têm validade máxima de três dias após o corte, tornando impraticável a importação mesmo com custos mais baixos no exterior.
| Indicador | Valor |
|---|---|
| Funcionários totais | ~460 |
| Estrangeiros | 70% (~322) |
| Faturamento (FY2024) | ¥7,3 bilhões |
| Validade média do produto | 3 dias |
Boom do Mercado de Saladas Prontas
O segmento de saladas embaladas experimentou crescimento explosivo no Japão, atingindo ¥194,9 bilhões em 2024, quase o dobro do registrado uma década antes. Esse salto é atribuído principalmente à ascensão dos lares de dupla renda, que buscam conveniência sem abrir mão da qualidade nutricional. A proximidade com centros consumidores como Tóquio é essencial, pois o curto prazo de validade impede cadeias logísticas longas.
Representantes do setor relatam reclamações constantes sobre escassez de mão de obra, especialmente em horários noturnos. A dependência de trabalhadores estrangeiros – muitos com vistos técnicos ou de estágio – tornou-se prática comum, mas também abriu brechas para exploração e irregularidades contratuais.
A operação policial acende alerta vermelho para dekasseguis e nipo-brasileiros empregados em agroindústrias nas províncias de Saitama, Gunma e Ibaraki, onde fábricas de alimentos processados concentram grande contingente nikkei. A fiscalização mais rigorosa pode resultar em demissões em massa ou deportações para quem aceita “trabalho manual” sob visto inadequado.
Com informações via Asahi Shimbun
