Número de estudantes de japonês no Japão atinge recorde e revela falta de aulas em várias regiões

Demanda cresce com aumento de residentes estrangeiros, mas quase 40% das áreas do país não oferecem cursos para não estudantes

O número de pessoas estudando a língua japonesa no Japão chegou ao recorde de 294.198 alunos em 2024, segundo uma pesquisa recente do Ministério da Educação. O resultado mostra a crescente demanda por aulas diante do aumento de residentes estrangeiros no país.

De acordo com o levantamento, cerca de dois terços dos alunos são estudantes estrangeiros, com destaque para pessoas vindas da China, que formam o maior grupo. O total representa um aumento de 31.028 alunos em relação à pesquisa de 2023 e é quase cinco vezes maior que o registrado em 1990.

O número de aprendizes se recuperou após a queda provocada pela pandemia de COVID-19. O crescimento ocorre em um momento em que o Japão recebe mais trabalhadores estrangeiros para lidar com a falta de mão de obra. Porém, o governo da primeira-ministra Sanae Takaichi, no cargo desde outubro, está revisando as políticas para estrangeiros.

A pesquisa avaliou 2.669 instituições, incluindo universidades, escolas de japonês certificadas, municípios e empresas privadas que oferecem aulas.

O estudo também revelou um desafio importante: 38,2% das 1.892 áreas analisadas no país não oferecem aulas de japonês para estrangeiros que não são estudantes. Entre os aprendizes, além dos estudantes, há trabalhadores residentes no Japão, familiares que os acompanham e participantes de programas de treinamento técnico.

Quanto à origem dos alunos, 78.821 são da China, seguidos por 45.821 do Nepal e 33.547 do Vietnã.

Apesar do aumento na procura, o número de professores segue limitado. Dos 50.309 docentes, a maioria trabalha como voluntário, e apenas 13,6% têm emprego em tempo integral.

A falta de aulas é mais grave em áreas com muitos estrangeiros. Cerca de 170.455 residentes estrangeiros vivem em “zonas vazias”, locais onde não há cursos de japonês para não estudantes. Hyogo foi a única entre as 47 prefeituras do Japão sem áreas desse tipo.

Já entre os locais com maior proporção de regiões sem aulas estão Okinawa (80,5%), Tottori (73,7%) e Hokkaido (70,7%), mostrando desigualdades no acesso ao ensino da língua japonesa em todo o país.