Estrangeiros compram quase 3,5 mil imóveis perto de áreas sensíveis no Japão em 2024

Quase metade das aquisições foi feita por compradores chineses, segundo levantamento do governo japonês

Um total de 3.498 propriedades localizadas perto de instalações de segurança consideradas críticas e em ilhas remotas do Japão foi comprado por indivíduos ou empresas estrangeiras no ano de 2024. Os dados fazem parte de um estudo do governo japonês divulgado nesta terça-feira, em Tóquio.

Segundo o levantamento, quase metade das aquisições foi feita por compradores da China. No total, estrangeiros adquiriram 1.744 terrenos e 1.754 edifícios em 37 das 47 prefeituras do país. As compras ocorreram próximas a 583 áreas classificadas como “áreas monitoradas” ou “áreas monitoradas especiais”, conforme uma lei que entrou em vigor em 2022 para proteger regiões sensíveis.

Por país ou região, a China liderou o número de aquisições, com 1.674 propriedades. Em seguida aparecem Taiwan, com 414, Coreia do Sul, com 378, e Estados Unidos, com 211.

Este foi o segundo levantamento desde a criação da lei que busca evitar que imóveis próximos a instalações importantes ou ilhas remotas sejam usados de forma a prejudicar atividades oficiais ou a segurança nacional.

Em resposta ao avanço das compras, o governo anunciou que, a partir de abril de 2026, exigirá mais transparência nas aquisições de terras florestais e imóveis considerados estratégicos. Empresas terão de informar a nacionalidade de seus diretores nos registros, e pessoas físicas também deverão declarar sua nacionalidade ao comprar áreas florestais.

“Vamos investigar a situação de forma rigorosa e tomar todas as medidas necessárias para impedir atos que prejudiquem o uso adequado desses imóveis”, afirmou a ministra responsável pela segurança econômica, Kimi Onoda, durante entrevista coletiva.

O governo destacou que não é possível comparar diretamente os dados com o levantamento anterior, que registrou 371 propriedades adquiridas por estrangeiros, já que o número de áreas monitoradas aumentou quase sete vezes na pesquisa mais recente. Até o momento, não houve emissão de advertências nem ordens para interromper o uso das propriedades.

De acordo com o Gabinete do Governo, muitos dos imóveis comprados por estrangeiros são apartamentos e condomínios. No caso dos compradores chineses, grande parte das aquisições teria sido feita na região metropolitana de Tóquio com objetivo de investimento.

Por prefeituras, Tóquio liderou o número de aquisições, com 1.558 propriedades, incluindo áreas próximas a instalações militares e de pesquisa. Em seguida aparecem Kanagawa, com 339, Chiba, com 235, Hokkaido, com 217, e Fukuoka, com 211.

A legislação determina que terrenos e edifícios localizados em um raio de até um quilômetro de instalações críticas estão sujeitos a regras especiais de uso do solo. O levantamento analisou 113.827 propriedades com registros de titularidade a partir do ano iniciado em abril de 2024.