CE Rodrigues: “Eu sabia!”

Escrita por:
CE Rodrigues

Sim, exatamente isso que você leu no título e é assim que eu começo a coluna. (Imagem: Winx Club | Rainbow S.p.A, 2025)

É daquele tipo de saber que não vem de fontes oficiais, nem de entrevistas bem ensaiadas, mas do estômago. Eu sabia que precisava esperar um pouco antes de lançar o Sokatsu no Nipponix, porque algo não estava cheirando bem, e fã veterano aprende a respeitar esse instinto. Vou dividir isso em três quandos.

Quando dezembro chegou e nossas atenções se voltaram para o restante da temporada de Mermaid Magic, iniciada logo após as Olimpíadas de 24, o clima já era mais de alerta do que expectativa, pois já se especulava que poderia de fato adiar, o que ocorreu.

Quando começaram a pipocar, em comunidades de fãs, os rumores de que Mermaid Magic seria adiado, pensei imediatamente: “Se a Rainbow adia o Mermaid, a Winx vai junto.” E não deu outra.

E quando confirmação veio como aquela mensagem que você não quer ler, mas já esperava: o reboot de Winx Club empurrado para setembro, Mermaid Magic para dezembro do ano que vem, foi um balde de água fria? Sim. Surpresa? Nem tanto.

Na entrevista do fim de semana anterior (que, admito, me pegou desprevenido) o criador falou em “melhorar a qualidade das animações”, em “entregar um enredo mais envolvente”, no nível da primeira metade da temporada, em “fazer direito”. Tudo lindo no papel. Mas aí entra o meu palpite, aquele que talvez incomode: essa história não é só sobre qualidade artística. É sobre desgaste.

Meses atrás, o diretor Igginio Straffi se viu no olho do furacão por conta do uso de Inteligência Artificial na divulgação de bonecas. E não parou aí. O uso de IA como ferramenta auxiliar na produção da animação também foi duramente criticado pelos fãs, com razão, diga-se de passagem. IA ainda é imperfeita, impessoal, e quando falamos de Winx, o buraco é bem mais embaixo. Não é algo que se resolve com algoritmo. O criador sentiu. Rebateu. E desde então, a relação entre estúdio e fandom meio que se esfriou.

O mais cruel é o timing. Faltavam menos de cinco meses para acompanharmos o desfecho dessa história. Para sabermos como Bloom e suas amigas enfrentariam as Trix e Vexius. Cinco meses para descobrir se Flora e Damian seriam finalmente um “sim” ou aquele amor impossível que só existe para doer, enfim, eram muitos palpites na mesa. E agora, a comunidade winxer mundial precisa engolir mais um ano de espera.

E aqui vai a parte mais delicada, e talvez mais honesta, dessa coluna: parece que, hoje, ninguém sabe exatamente como terminar esse reboot. Nem o estúdio, nem os criadores, nem os fãs. Há uma quebra de consenso, uma espécie de cabo de guerra criativo, de modo que levou a crer que o reboot de Winx ainda não decidiu quem ele quer ser.

E enquanto essa pergunta não for respondida com honestidade (não com marketing) qualquer data de estreia continuará sendo apenas isso: só uma promessa frágil ou por mais um adiamento.