Diante do alarmante aumento de queixas relacionadas à perda de memória e concentração pelo uso excessivo de smartphones, oferecendo diagnóstico e tratamento online para esta condição reversível que afeta todas as idades e exige uma nova abordagem para a saúde cerebral na era digital.
Smartphones tornaram-se uma parte indispensável de nossas vidas, mas seu uso excessivo está gerando uma nova preocupação de saúde: a “demência por smartphone“, também conhecida como “demência digital”. Essa condição, que se assemelha à demência real na perda de memória e concentração, é causada pela sobrecarga de informações que o cérebro recebe através do uso prolongado e frequente de dispositivos. Ao contrário da demência relacionada à idade, a demência por smartphone pode afetar pessoas de todas as idades, incluindo jovens, e é reversível com tratamento adequado.
A Clínica Neurológica Kanamachi Ekimae, localizada em Tóquio e liderada pelo Dr. Katsuyuki Uchino, está na vanguarda dessa questão, sendo a primeira clínica a oferecer um programa especializado em demência por smartphone, com consultas disponíveis online para pacientes em todo o Japão. A iniciativa visa ajudar as pessoas a usar seus dispositivos de forma a não comprometer sua qualidade de vida. As consultas já estão sendo agendadas desde 12 de junho, em alinhamento com o “Dia da Prevenção da Demência” (14 de junho).

Sintomas, Causas e Abordagem da Clínica
O Dr. Uchino explica que o cérebro, sobrecarregado por um fluxo constante de informações triviais (especialmente de serviços de conteúdo rápido como TikTok e YouTube), torna-se como uma “gaveta de lixo”, dificultando o acesso a informações importantes. Isso afeta o lobo frontal, centro do pensamento, tomada de decisões e controle emocional, levando a sintomas como:
- Esquecimento de nomes ou tarefas.
- Aumento de pequenos erros ou “lapsos”.
- Dificuldade em lembrar como escrever caracteres kanji (análogo a esquecer a ortografia).
- Necessidade de tirar fotos para recordar coisas.
- Sensação constante de privação de sono.
- Falta de motivação e mau gerenciamento de tarefas diárias.
- Sempre ter o smartphone à mão.
A clínica ressalta que o uso do smartphone para trabalho, onde a informação é coletada intencionalmente e processada ativamente, geralmente não causa preocupação. O problema surge com o uso “passivo” ou “sem rumo”, especialmente por mais de uma hora diária. “Se você usa o smartphone por mais de uma hora de forma ‘sem rumo’, há uma chance de desenvolver demência por smartphone”, alerta o Dr. Uchino.

O tratamento é personalizado, variando de simples alterações de estilo de vida a medicação, se necessário, com base em entrevistas e, quando preciso, testes de demência. A chave para a melhora é criar tempo longe do telefone, permitindo que o cérebro “limpe” a desordem informacional. Isso inclui evitar levar o smartphone para o quarto e usar despertadores tradicionais.
Além da Demência por Smartphone: Um Alerta para a Saúde Cerebral
A iniciativa da Clínica Neurológica Kanamachi Ekimae também busca elevar a conscientização sobre a saúde cerebral. O Dr. Uchino observa que as preocupações com a “demência por smartphone” podem servir como um gatilho para as pessoas procurarem especialistas em neurologia, o que pode levar à detecção precoce de outras condições graves, como Alzheimer precoce ou tumores cerebrais.
A principal diferença entre a demência por smartphone e a demência real é a autopercepção: quem sofre de demência por smartphone está ciente de seus problemas de memória, enquanto na demência verdadeira, a pessoa esquece que esqueceu.
A clínica sugere que se a pessoa se identifica com três ou mais dos sintomas listados, é aconselhável procurar orientação médica. A mensagem final é clara: embora os smartphones sejam poderosos, o equilíbrio e a consciência de seu uso são cruciais para a saúde cognitiva e o bem-estar geral.
Com informações via Kyodo News PR Wide, Friday Digital, SoraNews