Derrota nas eleições para a Câmara Alta enfraquece governo de Shigeru Ishiba, que agora não tem maioria em nenhuma das duas casas do Parlamento japonês.
O governo do primeiro-ministro japonês Shigeru Ishiba sofreu uma dura derrota nas eleições de domingo (13) para a Câmara Alta do Parlamento (Senado), perdendo a maioria que detinha com o Komeito, seu partido aliado. O resultado pressiona ainda mais o premiê, que já vinha enfrentando críticas dentro do próprio partido.
A coalizão liderada pelo Partido Liberal Democrata (LDP) e pelo Komeito não alcançou a meta de conquistar pelo menos 50 das 125 cadeiras em disputa para manter a maioria na casa. O número total de assentos das duas legendas caiu de 141 para 122, abaixo dos 125 necessários para a maioria no Senado.
Com esse revés, a base governista perde o controle nas duas câmaras do Parlamento, tanto no Senado quanto na Câmara dos Deputados, algo extremamente raro na política do Japão desde o pós-guerra.
Apesar de prometer permanecer no cargo, Ishiba pode enfrentar pressões internas crescentes para renunciar, já que nenhum dos principais partidos de oposição aceita formar uma coalizão ampliada com o governo. O líder do Partido Democrático do Povo (DPP), Yuichiro Tamaki, por exemplo, rejeitou a possibilidade, mesmo tendo colaborado com o governo em algumas pautas. Seu partido, aliás, teve um crescimento significativo, passando de 9 para 22 assentos.
Já o Partido Democrático Constitucional do Japão (CDPJ) manteve seus 38 assentos, enquanto o Partido da Inovação do Japão (JIP) subiu de 18 para 19 cadeiras, e ambos também declararam que não apoiarão Ishiba.
Outra mudança relevante foi o avanço do partido populista de direita Sanseito, que cresceu de 2 para 15 cadeiras. Com discurso nacionalista e políticas voltadas à prioridade dos japoneses nativos, o partido é criticado por setores que o consideram xenofóbico. Ainda assim, agora tem número suficiente para apresentar projetos de lei na Câmara Alta.
A eleição, que contou com a participação de cerca de 520 candidatos, preencheu 75 cadeiras por voto distrital e 50 por representação proporcional. Os eleitores depositaram dois votos: um para um candidato do seu distrito e outro para o partido de sua preferência.
O índice de comparecimento foi de 58,51%, superior aos 52,05% registrados nas eleições anteriores de 2022. Um recorde de 26 milhões de pessoas votou antecipadamente, aproveitando o feriado prolongado de três dias no país.
Os senadores no Japão têm mandatos fixos de seis anos, e metade das 248 cadeiras da casa é renovada a cada três anos, o que evita trocas totais de composição.
O cenário pós-eleitoral deixa o governo de Shigeru Ishiba enfraquecido e sem base sólida para aprovar leis importantes, tornando seu futuro político incerto.