Após derrota nas eleições e queda histórica de popularidade, primeiro-ministro Ishiba avalia renúncia em meio a disputas no LDP e pressão popular.
O primeiro-ministro japonês Shigeru Ishiba enfrenta uma crise política profunda após a derrota do Partido Liberal Democrata (LDP) nas eleições para a Câmara Alta realizadas em 20 de julho. Segundo pesquisa da Kyodo News, a aprovação do gabinete despencou para 22,9%, o menor índice desde que Ishiba assumiu o cargo em outubro. A desaprovação atingiu 65,8%, refletindo o crescente descontentamento público com o governo.
A pesquisa revelou que 51,6% dos entrevistados exigem a renúncia do premiê, enquanto 45,8% se opõem à saída. Apesar de afirmar inicialmente que permaneceria no cargo para evitar um impasse político, Ishiba passou a considerar anunciar sua renúncia em agosto, como foi informado a aliados no dia 23 de julho.
A queda do LDP e de seu parceiro de coalizão, Komeito, levou a uma perda de controle de ambas as casas do parlamento, algo que não acontecia desde 1994. A oposição, impulsionada por legendas emergentes como o Sanseito, ganhou espaço, tornando o cenário mais fragmentado.
Durante reunião com os ex-primeiros-ministros Taro Aso, Yoshihide Suga e Fumio Kishida, Ishiba afirmou: “Compartilhamos um forte senso de crise. Discutimos que a divisão do partido jamais deve ocorrer. Não houve qualquer conversa sobre minha permanência ou renúncia.” Apesar disso, fontes internas indicam que o premiê está inclinado a sair, especialmente após pressões de lideranças regionais e parlamentares por uma reformulação da estrutura partidária.
A liderança do LDP decidiu antecipar para 29 de julho a reunião para revisão eleitoral, originalmente marcada para o fim do mês. Após esse processo, será decidido como o partido assumirá responsabilidades, incluindo o futuro de Ishiba. O presidente do comitê de estratégia eleitoral, Seiji Kihara, já anunciou que pretende renunciar após a conclusão da revisão.
Se Ishiba deixar o cargo neste mês, uma sessão extraordinária do Parlamento japonês será convocada em agosto para escolha de um novo primeiro-ministro. Com o LDP em minoria, o partido não tem garantia de indicar o sucessor, o que abre espaço para articulações com a oposição.
A pesquisa também indicou que 36,2% dos japoneses desejam um novo modelo político, com reestruturação partidária. Os temas mais relevantes para os eleitores são inflação (32,2%), segurança social (18,7%) e emprego (11,4%). Além disso, 65,6% dos entrevistados apoiam regras mais rígidas sobre imigração e aquisição de imóveis por estrangeiros, destaque nas campanhas eleitorais.
Com uma queda de apoio ao LDP para 20,7%, o partido enfrenta seu momento mais delicado desde 2001. Enquanto isso, o Democratic Party for the People e o Sanseito registraram crescimento significativo, sugerindo que novas forças políticas podem redesenhar o equilíbrio de poder no Japão.