Com temperaturas acima de 35 °C, mais da metade das escolas da cidade cancelaram aulas; meta é climatizar todas as unidades até 2027
Em meio a mais um verão escaldante, a cidade de Sapporo, no norte do Japão, corre para instalar ar-condicionado em todas as escolas municipais. Atualmente, apenas cerca de 10% das unidades contam com climatização adequada. A prefeitura planeja concluir a instalação em 100% das escolas até o verão de 2027.
No dia 23 de julho, a capital de Hokkaido registrou 35,7 °C, levando mais da metade das escolas da cidade a encerrarem as aulas mais cedo e liberarem os alunos por conta do calor. A primeira parte do ano letivo terminou no dia 25, e, como em 2023, o recesso de verão foi estendido como forma de proteger os estudantes.
Na Escola Primária Toen, no bairro Toyohira, os alunos conseguiram manter o foco durante as aulas do dia 10 de julho. Um termômetro em sala marcava 25,2 °C com 39% de umidade, o que é considerado seguro contra risco de insolação. A escola é uma das poucas que recebeu ar-condicionado fixo neste verão — antes, usava ventiladores e aparelhos portáteis.
A aluna Aoi Kobayashi, de 11 anos, aprovou a mudança: “O ar fresco deixa a sala agradável. Agora é mais fácil prestar atenção na professora”, contou.
A diretora da escola, Miki Okada, destacou que as altas temperaturas vêm se tornando mais perigosas nos últimos anos. “Houve dias em que a sala chegou a mais de 30 °C. O ar-condicionado é fundamental para garantir um ambiente de aprendizado seguro e preservar a saúde dos alunos.”
Depois que Sapporo bateu recorde de 36,3 °C no verão de 2023, a cidade iniciou a instalação de ar-condicionado em todas as suas 312 escolas e creches. Neste verão, 39 escolas (cerca de 580 salas) receberam aparelhos fixos, o que representa 12,5% do total. A expectativa é atingir 67,3% até 2026 e completar a instalação em 2027.
O movimento ganhou força após a morte de um aluno de 1ª série por insolação, em 2018, em uma escola de Toyota, em Aichi. Desde então, o Japão avançou na climatização das salas. Em 2024, 99,1% das salas regulares de escolas públicas do país já tinham algum tipo de ar-condicionado — embora esse número inclua modelos portáteis.
Em Hokkaido, o processo tem sido mais lento. “Como a região costumava ter clima mais ameno, ainda não existe uma ‘cultura do ar-condicionado’, o que atrasa a adaptação”, afirmam especialistas da área educacional.
A prefeitura explicou que a demora se deve também à necessidade de obras para aumentar a capacidade elétrica das escolas. Em algumas delas, o ar-condicionado já foi instalado, mas ainda não pode ser usado por falta de energia suficiente.
“Entendemos a frustração de alunos e pais. Pedimos desculpas, mas ainda levará um tempo para resolver tudo”, disse um representante do Conselho Municipal de Educação.