Investigador da divisão de crime organizado é acusado de enviar imagens e dados de uma operação contra o grupo “Natural”, que atua ilegalmente no recrutamento de mulheres para o sexo.
A Polícia Metropolitana de Tóquio prendeu um de seus próprios agentes por suspeita de vazar informações confidenciais a um grupo criminoso que vinha sendo alvo de investigação. O caso expôs um grave escândalo dentro da força policial japonesa, que tenta combater organizações conhecidas como “tokuryu”, grupos criminosos anônimos e de estrutura solta que vêm crescendo no país.
O preso é Daisuke Jimbo, de 43 anos, inspetor da unidade de crime organizado. Ele foi detido em 12 de novembro sob acusação de violação da lei de serviço público local, por quebra de sigilo. Jimbo é suspeito de ter vazado dados sobre uma operação contra o grupo “Natural”, uma das maiores redes envolvidas no aliciamento ilegal de mulheres para o trabalho sexual no Japão.
Segundo a investigação, Jimbo participou do caso “Natural” entre 2023 e abril de 2025. Durante esse período, ele teria sido “comprometido” após entrar em contato com integrantes da organização. O policial é acusado de enviar imagens de câmeras de vigilância usadas pela polícia a membros do grupo, utilizando um aplicativo de celular criado pela própria “Natural” para comunicação interna.
As imagens mostravam rostos e locais monitorados pela unidade de crime organizado. Mesmo após ser removido da investigação em abril, Jimbo continuou acessando e repassando informações sem autorização.
As suspeitas começaram em agosto, quando os investigadores perceberam comportamentos estranhos entre os membros da “Natural”, que pareciam antecipar as ações da polícia. Uma busca na casa do policial encontrou um smartphone com o aplicativo usado pelo grupo e milhões de ienes em dinheiro vivo, o que levou à suspeita de que Jimbo possa ter recebido pagamentos pelos vazamentos.
A “Natural” começou a operar por volta de 2009, na região de Kabukicho, um famoso distrito de entretenimento noturno em Tóquio. Estruturada como uma empresa, a rede chegou a movimentar 4,5 bilhões de ienes (cerca de 29 milhões de dólares) até 2022. Em agosto deste ano, líderes do grupo foram presos após uma grande operação da Polícia Metropolitana.
Jimbo ingressou na força policial em 2004 e passou 14 anos atuando em investigações de crime organizado. Desde 2020, fazia parte da divisão responsável por combater essas organizações.
Em nota oficial, o conselheiro administrativo da Polícia Metropolitana, Junichiro Suga, declarou:
“Este é um ato imperdoável, e pedimos sinceras desculpas à população e às vítimas envolvidas.”
O caso segue sob investigação, e as autoridades tentam determinar a extensão dos vazamentos e se outros policiais podem ter colaborado com o grupo criminoso.
