Relação entre conforto térmico e saúde mental: Moradias frias ou quentes aumentam risco de depressão em idosos

Novo estudo japonês revela que idosos que vivem em casas sem isolamento adequado têm 1,57 vez mais probabilidade de apresentar tendências depressivas.

Uma nova pesquisa conduzida por cientistas japoneses demonstrou uma clara correlação entre as condições térmicas das residências e a saúde mental da população idosa, concluindo que pessoas mais velhas que vivem em casas incapazes de reter o frio ou isolar o calor estão sob maior risco de desenvolver depressão.

A equipe de pesquisa, composta por Maho Iwata (estudante da Escola de Medicina da Universidade de Tohoku) e Kenji Takeuchi (professor da Escola de Pós-Graduação em Odontologia da mesma universidade), analisou dados de cerca de 17.000 homens e mulheres com 65 anos ou mais em todo o Japão.

Os Dados da Depressão e o Fator de Risco

Cerca de 23% dos entrevistados na pesquisa exibiram tendências depressivas, conforme medido por um conjunto específico de perguntas desenvolvido para avaliar os níveis de depressão em idosos.

O principal achado do estudo, publicado na revista científica Scientific Reports, foi o seguinte:

  • Risco Elevado: Idosos que vivem em casas que não conseguem manter o frio ou calor adequadamente têm 1,57 vez mais probabilidade de apresentar tendências depressivas do que aqueles que vivem em moradias com bom isolamento.

Impacto Regional

O risco é ainda mais acentuado em algumas regiões:

  • Em Kyushu, a ilha mais ao sul das quatro principais ilhas do Japão, os moradores tinham 1,8 vez mais probabilidade de apresentar tendências depressivas.

Os pesquisadores observaram que, como a pesquisa foi realizada entre novembro e dezembro, o frio pode ter sido um fator especialmente sentido. O estudo sugere que, em áreas mais quentes, as medidas contra o frio tendem a ser insuficientes, potencializando o impacto da baixa temperatura interna na saúde mental.

Moradores removem a neve em Okura, província de Yamagata, em fevereiro de 2018. (Imagem via Asahi Shimbun)

Implicações para Políticas de Saúde Pública

Anteriormente, já era sabido que temperaturas internas inadequadas podem levar a problemas de saúde física, como doenças cardíacas, derrames, doenças cardiovasculares e respiratórias, além de distúrbios do sono. No entanto, havia falta de pesquisas suficientes ligando as temperaturas internas diretamente a sintomas de saúde mental, como a depressão.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que as residências mantenham uma temperatura interna mínima de 18°C durante o inverno, padrão que pesquisas anteriores indicam que pelo menos 90% das casas japonesas não conseguem manter.

A pesquisadora Maho Iwata sugere uma solução pragmática e preventiva:

“É possível que a assistência pública para a reforma residencial, como a instalação de isolamento térmico, possa levar à prevenção da depressão entre a população idosa.”

O estudo considerou outros fatores de vulnerabilidade (como a frequência com que os idosos saem de casa ou se vivem sozinhos), reforçando a conclusão de que o desconforto térmico é um fator de risco independente para a depressão.

Com informações via Asahi Shumbun