Taxa de natalidade no Japão atinge novo recorde de baixa em 2024

Com média de 1,15 filho por mulher, país enfrenta crise demográfica que ameaça previdência e mercado de trabalho

A taxa de natalidade do Japão caiu novamente em 2024, atingindo o menor índice da história desde o início dos registros em 1947, segundo divulgou o Ministério da Saúde na quarta-feira (4). Este é o nono ano consecutivo de queda.

A chamada taxa de fecundidade total, que indica o número médio de filhos por mulher ao longo da vida fértil, caiu de 1,2 em 2023 para 1,15 no ano passado. O índice foi ainda mais preocupante em Tóquio, onde ficou abaixo de 1 pelo segundo ano seguido.

O número total de nascimentos caiu para cerca de 686 mil, a primeira vez que o país registra menos de 700 mil nascimentos em um ano. Enquanto isso, as mortes chegaram a cerca de 1,61 milhão, gerando um declínio populacional líquido de aproximadamente 919 mil pessoas. Esses números não incluem imigração.

A situação demográfica preocupa o governo japonês, que vem tentando reverter a tendência com uma série de medidas. O primeiro-ministro Shigeru Ishiba tem ampliado subsídios para famílias com filhos, oferecido educação gratuita no ensino médio e garantia de salário integral para casais que tiram licença parental conjunta.

Essas iniciativas seguem as propostas do ex-premiê Fumio Kishida, que prometeu elevar o apoio por criança a níveis semelhantes aos da Suécia, onde 3,4% do PIB é destinado a benefícios familiares. Na época, Kishida alertou que o Japão poderia perder sua capacidade de funcionar como sociedade se não tomasse medidas urgentes.

Apesar dos esforços, a queda contínua dos nascimentos preocupa o futuro da previdência social japonesa. Há cada vez menos contribuintes e mais beneficiários, o que pressiona o sistema público de aposentadorias. Segundo um relatório do ministério, o número de pagadores caiu 3 milhões nas últimas duas décadas, enquanto os beneficiários aumentaram em quase 40%.

As despesas sociais continuam a subir. Em 2025, os gastos com bem-estar social chegaram a ¥38,3 trilhões (cerca de US$ 266,3 bilhões), o que representa um terço do orçamento nacional. O Japão também tem a maior relação dívida/PIB entre os países desenvolvidos.

O impacto se estende ao mercado de trabalho. Se o ritmo atual continuar, o Japão poderá enfrentar uma escassez de 6,3 milhões de trabalhadores até 2030, segundo estimativa da Persol Research and Consulting.

Apesar do cenário desafiador, houve um sinal positivo: o número de casamentos aumentou em mais de 10 mil em 2024 em relação ao ano anterior. Como o casamento está fortemente ligado ao nascimento de filhos no Japão, a mudança pode contribuir para uma possível recuperação futura da taxa de natalidade.

Para incentivar relacionamentos, governos locais, como o de Tóquio, vêm lançando aplicativos de namoro e organizando eventos de encontros, tentando criar mais oportunidades para que jovens japoneses formem famílias.