Derrota histórica do governo em Tóquio acende alerta para eleição nacional no Japão

Partido Liberal Democrata sofre revés nas eleições locais de Tóquio, aumentando o risco de perder força na eleição nacional do Senado em julho.

O Partido Liberal Democrata (PLD), que comanda o governo japonês, sofreu uma derrota histórica na eleição para a Assembleia Metropolitana de Tóquio no último dia 22 de junho. O resultado acendeu um forte sinal de alerta sobre os riscos que o partido pode enfrentar na eleição nacional para a Câmara Alta (Senado), marcada para julho.

O partido, que lidera o governo, obteve o menor número de cadeiras de sua história na assembleia de Tóquio, deixando de ser a maior bancada local. Analistas consideram essa eleição um “termômetro” do que pode acontecer na disputa nacional.

💰 Corrupção e desgaste político

O principal tema que prejudicou o PLD foi o escândalo envolvendo fundos secretos e caixa dois dentro do próprio partido. Além do já conhecido caso de desvio de dinheiro envolvendo parlamentares nacionais, também veio à tona que membros do partido em Tóquio mantinham fundos ocultos.

“Os efeitos negativos do escândalo dos fundos secretos foram decisivos para este resultado”, admitiu um deputado do PLD que representa a capital japonesa.

💸 Tentativas de reverter o desgaste

O governo do primeiro-ministro Shigeru Ishiba tentou conter os danos anunciando uma série de medidas populares, como:

  • Auxílio emergencial de 20.000 ienes (cerca de R$ 700) para todos os residentes do país para aliviar o custo de vida;
  • Ampliação de subsídios para reduzir o preço da gasolina;
  • Liberação de estoques públicos de arroz para conter o aumento dos preços no alimento mais básico do país.

O ministro da Agricultura, Shinjiro Koizumi, foi uma peça-chave na campanha. Ele não apenas liderou a medida do arroz, como também atuou diretamente na campanha dos candidatos do PLD em distritos mais disputados. Segundo fontes do partido, “a liberação do arroz é extremamente eficaz, especialmente em Tóquio, onde está a maior concentração de consumidores.”

Apesar disso, nenhuma dessas ações foi suficiente para convencer os eleitores da capital.

📉 Campanha fraca e falta de mensagens claras

Sabendo que a eleição em Tóquio seria difícil, o governo tentou minimizar a relação com a eleição nacional. Tanto que o primeiro-ministro só participou da campanha no último dia, em 21 de junho, para evitar desgaste.

Mesmo assim, há críticas internas. Um senador do PLD, que disputará a eleição de julho, desabafou:
“Ele deveria ter feito mais campanha. O partido não deixou claro o que quer fazer pelo país.”

🔗 Histórico pesa contra o governo

Historicamente, quando a eleição nacional acontece logo após a eleição de Tóquio, os resultados locais costumam influenciar diretamente a votação nacional. Isso porque Tóquio tem muitos eleitores independentes, que podem mudar de voto com facilidade, refletindo o humor em relação ao governo.

⚠️ Risco real na eleição nacional

O primeiro-ministro Ishiba declarou que a meta mínima do governo é garantir a maioria na Câmara Alta, que tem 125 cadeiras, sendo que 75 não estão em disputa. Na prática, a coalizão governista (PLD + Komeito) precisa conquistar pelo menos 50 cadeiras para manter o controle.

Mas o cenário é de preocupação. Desde a grande derrota na eleição da Câmara dos Deputados no ano passado, a base governista vem perdendo força, e os sinais indicam que o caminho até a eleição de julho será difícil e cheio de obstáculos.